A cruzada evangelística organizada pelo pastor Franklin Graham no Reino Unido sofreu forte oposição em várias cidades, mas pouco a pouco os tribunais têm dado ganho de causa e determinado indenizações a serem pagas por aqueles que sabotaram os eventos.
Um tribunal da cidade de Glasgow, na Escócia, ordenou que um centro de eventos pague uma indenização de cerca de 100 mil libras esterlinas por cancelar a cruzada evangelística de Franklin Graham. O valor é equivalente a R$ 612 mil na cotação desta quinta, 27 de outubro.
Um juiz do Tribunal do Xerife de Glasgow decidiu que o Scottish Event Campus (SEC) discriminou o evangelista e a Associação Evangelística Billy Graham, organizadora do evento.
Essa é a segunda decisão do tipo da Justiça escocesa: em dezembro do ano passado um tribunal de Stirling também deu ganho de causa ao evangelista pelo cancelamento do evento da cidade.
O filho de Billy Graham realizaria uma cruzada de sua turnê evangelística na arena Hydro do SEC, em maio de 2020. Porém, o centro cancelou o evento em janeiro daquele ano, justificando que Franklin Graham havia feito “publicidade adversa recente”.
Na época, o evangelista enfrentava críticas por comentários de sua visão cristã sobre homossexualidade, islamismo e apoio ao então presidente Donald Trump. A equipe do SEC também alegou que o evento foi cancelado por preocupações de segurança e manifestações.
Durante o julgamento, o juiz McCormick lembrou que o SEC concordou em hospedar um “evento de divulgação evangélica”, e considerou que as preocupações com segurança não foram a única razão para o cancelamento da cruzada.
Lobby ativista
O evento foi descartado após pressões de autoridades e grupos religiosos. A Câmara Municipal de Glasgow teria pressionado para “cancelar a reserva, pois poderia ofender outras pessoas”.
Conforme o tribunal, o colíder do Partido Verde escocês, Patrick Harvie, fez lobby por e-mail para que o evento fosse cancelado. O reverendo Bryan Kerr, ministro da Igreja da Escócia em Lanark (denominação que adotou o liberalismo teológico) , também pressionou a SEC para que não realizasse a cruzada de Graham.
Com o apoio da Rede Inter-religiosa LGBT+ de Glasgow, Kerr declarou que as opiniões de Graham não são a ideologia dominante e que não “se encaixam confortavelmente com muitos cristãos na Escócia”.
Diante dos fatos juntados ao processo, o juiz McCormick afirmou, na sentença, que “a decisão de cancelar foi uma violação da Lei da Igualdade de 2010, na medida em que o evento foi cancelado como uma resposta comercial às opiniões do objetor”.
“O direito de contratar um orador no evento evangélico – em prol de uma crença religiosa ou filosófica – é protegido por lei”, acrescentou o juiz, de acordo com informações da BBC News.
Franklin Graham comemorou a decisão afirmando tratar-se de uma “clara vitória para a liberdade de expressão e religião no Reino Unido”, e afirmou que a indenização não era o foco: “Este caso nunca foi sobre remédios financeiros – foi sobre a preservação da liberdade religiosa no Reino Unido”.