O estado de São Paulo vem assistindo a um grave escândalo de desvio de recursos envolvendo a merenda das escolas públicas, e em meio às denúncias, a Assembleia Legislativa dedicou uma sessão à aprovação de um projeto de cunho religioso, ao invés de analisar os requerimentos ligados às investigações.
O escândalo das merendas, de acordo com o Ministério Público, é protagonizado pela cooperativa de agricultores COAF, que assinou contratos em 2014 e 2015 com 21 prefeituras e algumas escolas estaduais que somam R$ 7 milhões.
Os contratos previam o fornecimento de alimentos e sucos, mas as investigações mostraram que parte dos valores era usada para pagar intermediários e agentes públicos que teriam facilitado ou fraudado as licitações para que a COAF fosse beneficiada. O caso veio à tona em janeiro último, revelando um sistema de operação bastante similar ao do petrolão.
De acordo com informações do G1, a sessão da Assembleia Legislativa na última terça-feira, 19 de abril, foi uma das poucas dos últimos meses que registrou quórum suficiente para deliberações, e os temas escolhidos pelos parlamentares foram a criação da Virada Cultural Católica, a declaração de que a música gospel é patrimônio cultural imaterial do estado, e a instituição do “Dia Estadual de Ação de Graças”.
Os assuntos ligados à investigação do esquema de fraude na merenda foi deixado de lado após um pedido de vista feito pelo deputado Carlão Pignatari (PSDB), para que o partido pudesse avaliar com mais prazo as denúncias, que envolvem também o presidente da Assembleia Legislativa, Fernando Capez (PSDB), ex-promotor.
Capez, que nega as acusações feitas contra ele de integrar a máfia da merenda, afirmou que tomará providências judiciais e administrativas contra seus acusadores e ressaltou que a investigação sobre a máfia da merenda foi pedida por ele.