O vice-presidente Michel Temer (PMDB) teria viajado ao Maranhão para se encontrar com um “badalado” pai-de-santo local, conhecido por atender políticos. O encontro, secreto, teria acontecido dias antes da votação que decidiu pela abertura do processo de impeachment contra a presidente Dilma Rousseff (PT).
O babalorixá em questão seria Bita do Barão, que vive na cidade de Codó, a 292 quilômetros de São Luís, capital do estado. Wilson Nonato de Souza (seu nome de batismo) teria entre 95 e 105 anos de idade e, acostumado a receber políticos, teria preferência por manter a informação sobre seus anos de vida preservada.
A informação foi revelada pelo jornalista Léo Dias, colunista de celebridades do jornal O Dia. Bita do Barão teria, inclusive, sido consultado pelo ex-presidente Fernando Collor, que também passou por um impeachment, em 1992. “José Sarney é outro cliente ilustre. Na cidade, o comentário é que Sarney não dá um passo sem se consultar com o Mestre Bita, como ele prefere ser chamado”, publicou Dias.
Os valores para consultas com o babalorixá variam entre R$ 300 e R$ 500, para pessoas comuns. O preço para políticos sobe e, geralmente, fica acima de R$ 700, fora o custo do “trabalho” em si.
“A coluna entrou em contato com a Tenda Espírita de Mestre Bita, que não confirmou a ida de Temer ao local. O que já era de se esperar. Em entrevista a um blog do Maranhão, Mestre Bita já havia dito que não revelava os nomes de seus consulentes: ‘Não posso falar os nomes dos políticos, porque seria fora da ética’”, acrescentou Dias.
“Trabalho” para Dilma
Se Temer realmente se consultou com o babalorixá, é provável que nunca se saiba. No entanto, um pai-de-santo de Pernambuco foi contratado pelo diretório local do Partido dos Trabalhadores (PT) para impedir que o processo de impeachment contra Dilma avançasse.
“[Fui] contratado pelo diretório do PT em Recife. Mais precisamente pelo presidente do partido naquela capital, Oscar Paes Barreto. Ele revelou já ter feito trabalhos semelhantes para ex-governadores pernambucanos como Eduardo Campos (falecido em acidente aéreo em 2014); Marco Maciel (ex-vice-presidente, atualmente aposentado por sofrer de Alzheimer) e Joaquim Francisco”, afirmou o pai-de-santo Carlos de Xangô.
No entanto, a iniciativa não deu certo, afinal o processo foi aprovado na Câmara. E o próprio Xangô “previu” isso, com semanas de antecedência: “Joguei o futuro de Dilma na mão de Xangô. Ontem arriei o ebó e pedi que, se ela fosse inocente, ela ficasse. Mas a pressão está muito grande”, afirmou o candomblecista. “[Dilma] não está aguentando. Ela não vai chegar até o dia 5 ou 4 de abril no poder”, disse, errando porém, a data da, ainda, eventual saída da presidente do cargo.