O livro Aparelho Sexual e Cia será relançado pela editora Companhia das Letras após a denúncia feita pelo candidato à presidência Jair Bolsonaro (PSL) durante sua entrevista ao Jornal Nacional. A empresa está aproveitando a discussão na sociedade em torno do título para recolocá-lo no mercado.
O livro – descrito pelo pastor e escritor David Riker como um destruidor da ética familiar – foi apresentado a grande parte da população brasileira por Bolsonaro durante o JN, como um exemplo do tipo de material que o governo federal vinha investindo recursos públicos. O Ministério da Cultura chegou a comprar 28 mil exemplares para distribuição em bibliotecas.
No próximo dia 12 de setembro, o selo juvenil da Companhia das Letras, Editora Seguinte, estará de volta às livrarias, de acordo com informações do portal Uol. A autora do livro, a francesa Helène Bruller, ironizou as críticas e afirmou que o candidato conservador nutre admiração por sua obra.
“Querem banir, mas inconscientemente, eles querem promover. Acho que, lá no fundo, tem um garotinho, um pequeno Jair, que teria adorado ganhar de presente de seus pais [um exemplar do livro] Aparelho Sexual e Cia., em vez de ouví-los gritar com ele, a face distorcida de raiva e baba nos lábios: ‘Jair! Se você se masturbar, irá para o inferno!'”, afirmou a escritora.
Distorção
O pastor David Riker fez uma análise do livro e afirmou que a obra “coloca a sexualidade como a grande questão da puberdade”, aplicando uma distorção de conceito: “É um livro que acaba confundindo sexualidade – que é uma dimensão ampla de afeto, de desejo e prazer, de relacionamentos – com o ato sexual em si”.
A abordagem da homossexualidade também é feita de forma a levar à compreensão de que a atividade sexual entre pessoas do mesmo sexo não é algo diferente da relação entre pessoas de sexos opostos.
“Ele começa a ensinar, então, que menino gostar de outro menino… e ele pergunta: ‘O que é normal? Todo mundo se faz essa pergunta e vai encontrar a resposta sabe onde? Ouvindo o seu coração’. O livro não tem nenhuma menção à ética familiar. O adolescente e as crianças ‘descoladas’ [termina por sugerir que] ela [criança] não está sob a tutela dos pais, não deve conversar com seus pais a partir das suas crenças, da sua história, das suas tradições, porque essas coisas são demonizadas [no livro]”, constatou o pastor.