Uma escola particular do Recife (PE) ocupou o centro de uma nova polêmica nas redes sociais e imprensa devido à iniciativa de ensinar uma linguagem de gênero neutro aos alunos, em que as indicações de masculino e feminino eram suprimidas.
Os neologismos com os “pronomes neutros” circularam em todas as redes sociais através de imagens, que mostravam, por exemplo, o termo “obrigade” para substituir “obrigado”. O caso, registrado no Colégio Apoio, envolve uma turma do 8º ano do Ensino Fundamental.
De acordo com informações do jornal Gazeta do Povo, a direção da escola particular foi consultada para explicar os objetivos da discussão ou “ensino” dos “pronomes neutros” aos alunos. Uma funcionária, no entanto, alegou que a aula não havia sido proposta pelos professores ou equipe pedagógica, mas sim, por iniciativa dos alunos.
A funcionária foi questionada, então, se os pais tinham conhecimento a respeito da realização da atividade, e ela se limitou a dizer que o assunto seria tratado internamente e recusou continuar falando sobre o tema, assim como não disponibilizaria o conteúdo do “material” para a reportagem.
Parte dos esforços de engenharia social e/ou mudança cultural profunda passa pela língua de um povo. A ideia de que o idioma expressa o suposto preconceito que estaria enraizado na sociedade é apresentada como forma de justificar os neologismos.
Linguistas consultados sobre o assunto explicam que a diferenciação de gêneros masculino e feminino na língua portuguesa não abarca qualquer tipo de preconceito e tem raízes no latim, língua que originou o idioma, assim como também o francês, espanhol e italiano.
Para os especialistas, essas novas terminações utilizadas por militantes, alterando o uso da língua portuguesa ao inserir outras letras – como “x” ou “e” no lugar de “a” (feminino) e “o” (masculino) – não têm amparo científico: “É por isso que dizemos ‘o circo tem dez leões’ mesmo que tenha cinco leões e cinco leoas, mas não dizemos, no mesmo caso, que tem dez leoas. Também é por isso que se pode dizer que ‘todos nascem iguais em direitos…’, o que inclui as mulheres, mas não se incluiriam os homens se a forma fosse ‘todas nascem iguais em direitos’”, exemplificou o linguista Sirio Posseti, pesquisador e professor da Universidade de Campinas (Unicamp).