A ativista pró-aborto Camila Mantovani, que se identifica como evangélica e se exilou do país por causa de supostas ameaças de morte, afirmou que o Brasil vive um cenário de “cristofascismo”.
Numa entrevista concedida ao portal de esquerda Brasil de Fato a jovem ativista pela legalização do aborto e defensora de outras pautas progressistas afirmou que a oposição a essas ideias é consequência do “fundamentalismo religioso”.
Fundadora da Frente Evangélica pela Legalização do Aborto, grupo de baixa representatividade no meio evangélico, Camila Mantovani disse que ainda recebe ameaças de morte por tentar difundir uma interpretação da Bíblia Sagrada que não corresponde à compreensão histórica adotada pelas principais denominações cristãs.
“Ter saído do país diminuiu bastante a intensidade das ameaças. Elas ainda existem, vez ou outra chega alguma coisa. Mas aquilo que de fato me colocava em risco cessou, até porque era concreto, era físico. As pessoas me perseguiam armadas na rua, ficavam de tocaia na porta da minha casa. Esse é o tipo de coisa que eu não tenho que lidar aqui, graças a Deus. Estou bem, estou em paz. Uma paz que eu já não tinha há muito tempo para caminhar na rua tranquila”, declarou.
“Existe uma teologia hegemônica construída em cima desse Deus, desse Deus que é o único Deus a ser adorado e que, portanto, pretende eliminar todos os outros, todas as outras crenças, todas as outras formas de ver o mundo. Isso é muito triste, é muito preocupante”, queixou-se, demonstrando desprezo pela descrição bíblica do Criador.
Fazendo uso do neologismo para desenhar o cenário político e social no Brasil, ela afirmou que o momento do país é de predominância do “cristofascismo”: “Um fascismo associado ao cristianismo. É exatamente o que temos vivido hoje: um cenário catastrófico de ‘cristofascismo’”, diz, referindo-se à teóloga progressista alemã Dorothee Sölle, criadora do termo.