Um evangélico vendedor de livros morreu após ser espancado por um grupo de eleitores de Fernando Haddad (PT), em Fortaleza (CE). A viúva da vítima contou que a agressão aconteceu no dia 11 de outubro, e o marido veio a falecer em decorrência dos ferimentos sofridos no ataque.
A vítima foi identificada como Valdenir Mendes Cirino, que no dia do ataque havia saído para aproveitar uma promoção de livros, já que trabalhava revendendo o material na Praça dos Leões. Quando chegou em casa, com diversos hematomas, contou à esposa que havia sido espancado por um grupo de eleitores do PT que ofereceram material de campanha de Haddad a ele, e diante da recusa – já que votaria em Jair Bolsonaro (PSL) – foi espancado.
O incidente ocorreu na avenida 13 de Maio, segundo a viúva relatou ao portal O Povo. Ela, que está grávida de três meses, está cobrando investigações para que os culpados sejam encontrados e responsabilizados pela morte do marido, que frequentava a Igreja Universal do Reino de Deus – denominação alvo de ataques do próprio Haddad – e se posicionava contrário à ideologia de gênero.
Na quinta-feira em que o marido foi agredido, ela o levou a uma Unidade de Pronto Atendimento (UPA) no bairro Bom Jardim, e lá foi orientada a levá-lo ao Hospital de Messejana. Como a família não possui carro, dependiam dos vizinhos para conseguir atendimento. Ao longo do período de nove dias entre a agressão e sua morte, o vendedor de livros foi ajudado pelos conhecidos do bairro, já que cultivava boa convivência com todos, segundo relatos ouvidos pela reportagem.
Nas vezes que foi atendido, Valdenir Mendes Cirino foi submetido a exames de raio-X, eletrocardiograma e hemograma, era liberado e orientado a voltar quando sentisse dores novamente. Uma das vizinhas que ajudou o casal nas viagens ao hospital relatou que o nariz do vendedor sangrava constantemente, e ele também expelia sangue quando vomitava.
No último sábado, 20 de outubro, ele precisou ser socorrido mais uma vez, mas chegou à UPA morto. Os profissionais de saúde que o receberam informaram à viúva que ele havia sofrido uma parada cardiorrespiratória, mas os detalhes da autópsia ainda não foram revelados.
Família
A esposa do vendedor de livros Valdenir Mendes Cirino revelou que, antes de morrer, o marido pediu perdão a ela por ter discutido com os petistas: “Eu estou grávida e ele ficou preocupado”, contou, lembrando que ele deixou outras três filhas, de 06, 15 e 19 anos, que eram sustentadas essencialmente pelo trabalho dele, já que a esposa faz costuras em casa como renda complementar.
A vizinhança da família agora está com medo por achar que o clima de adversidade pode piorar já que existem grupos criminosos organizados no estado que se opõem a Jair Bolsonaro. “Aqui a gente não diz em quem vota. E também tem as facções”, disse um morador, reiterando o relato feito por um pastor da Assembleia de Deus que teve a casa metralhada por bandidos após declarar voto no capitão do Exército.
A Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS) emitiu nota informando que a Divisão de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) investiga a morte de Valdenir Mendes Cirino, e pediu aos cidadãos que tiverem informações sobre o caso que colabore na elucidação do crime.
“Mataram meu marido e ele disse que foram muitos que bateram”, lamentou a viúva, cobrando que o grupo seja encontrado para responder pelo crime.