O governo comunista da China está cada vez mais consciente de que o crescimento do cristianismo no país é inevitável e já está fora de controle. A repressão por via da perseguição política, prisões e torturas não estão sendo suficientes para conter o avanço da fé em Jesus Cristo como único e suficiente Salvador.
Estima-se que em 1949 havia apenas 1 milhão de evangélicos na China. Agora são 50 milhões, apenas de protestantes. Os católicos passaram de 3 milhões no mesmo ano para cerca de 10 milhões atualmente.
Mesmo com uma população de 1,386 bilhão, o número de cristãos na China é superior em proporção ao número populacional de vários países do globo, tornando esse um dos países mais cristãos do planeta.
Não por acaso, esse número de cristãos possui força suficiente para causar profundas transformações em seu território, controlado pela ideologia do Partido Comunista Chinês, o único existente no país.
A noção de liberdade, dignidade humana e responsabilidade individual das pessoas difundidas pelo Evangelho de Cristo é uma ameaça para qualquer regime que procura delegar o controle da população ao Estado, incluindo os aspectos mais pessoais, como vida religiosa, moral e familiar.
Dessa forma, o que o governo de Xi Jinping tem procurado fazer, desde 2012 quando este assumiu o controle do Partido Comunista, é moldar o cristianismo aos valores do regime, descaracterizando os aspectos centrais da doutrina cristã que ameaçam a ideologia do partido.
Esse processo é conhecido como “sinicização”, “sinificação” ou “chinalização”, e consiste na prática de adaptar todas às práticas, costumes e valores divergentes aos próprios interesses dominantes. Isso inclui, por exemplo, reescrever a Bíblia, alterando textos ou dando a eles outro significado, diferente do original.
Outro método utilizado pelo comunismo chinês tem sido a destruição de templos cristãos, considerados “clandestinos”, e a proibição de venda de Bíblias em sites da internet. Ou seja, os que não reconhecem a autoridade do Partido Comunista sobre suas práticas religiosas.
Até 2016, mais de 1.200 igrejas, protestantes em sua maioria, foram destruídas na província de Zhejiang. Esse é um recado que o governo pretende dar aos demais cristãos que se recusam a se submeter ao controle do Estado.
“A mensagem é que elas não podem ser independentes”, disse Ying Fuk-tsang, diretor da escola de estudos religiosos da Universidade Chinesa de Hong Kong, segundo o portal The Christian Post.
“A atual administração entende que o governo foi muito frouxo no passado, e agora pretende aumentar a pressão”, completou, destacando que “a questão é o controle”.