A certeza de que a população evangélica pode decidir o rumo das eleições no Brasil está ficando cada vez mais evidente entre os aliados do Partido dos Trabalhadores (PT). Essa possibilidade vem sendo noticiada, inclusive, por mídias internacionais, como a Associated Press e a Reuters, especialmente após a manifestação dos maiores líderes evangélicos do país nos últimos dias.
Com base nisso o candidato petista, Fernando Haddad, vem tentando rebater algumas associações feitas à sua candidatura, como manifestações de mulheres seminuas protagonizando cenas pejorativas durante os protestos do “Ele Não” realizado no último final de semana.
Haddad disse em uma coletiva de imprensa nessa quarta-feira (3) que “milhões de mensagens” circulam nas redes sociais com a intenção de lhe prejudicar. “Acusações muito vulgares, com imagens muito vulgares. Isso está crescendo muito nos últimos dias”, disse ele.
“Sobretudo direcionado ao público evangélico, que nós sabemos que cultiva valores que nós também cultivamos”, acrescentou, sugerindo haver compatibilidade entre a visão cristã com os ideais do seu partido.
Entretanto, Haddad foi um dos três presidenciáveis que até o momento assinou a plataforma de compromisso com o movimento LGBT, entre os quais inclui a criminalização da “homofobia” e o apoio ao casamento homossexual, propostas que se distanciam da maioria dos evangélicos.
Outro ponto que pesa sobre o candidato petista na relação com os evangélicos foi a sua atuação durante o Governo Lula, quando foi ministro da educação entre 2005 e 2012, por apoiar o material “Escola sem homofobia”, que fazia apologia ao homossexualismo para alunos a partir dos 11 anos no ensino fundamental.
Isso lhe rendeu o apelido de “pai do kit gay“, como ficou conhecido o material largamente criticado na época por seu atual adversário, Jair Messias Bolsonaro. Naturalmente, por conta das eleições, essa informação foi resgatada e está sendo amplamente divulgada nas mídias.
Ainda assim, Haddad desconfia que a rejeição dos evangélicos contra a sua agenda é motivada por Bolsonaro e aliados, e não por sua própria visão política. “Nós desconfiamos do Bolsonaro, pelo conteúdo (…) É muito compatível com o discurso dele”, disse ele na coletiva, segundo informações do Estadão.