“Quem define gênero é a natureza”. Com essa frase, o futuro ministro da Educação no governo do presidente eleito Jair Bolsonaro (PSL), professor Ricardo Vélez Rodríguez, afirmou como sua gestão tratará a questão da ideologia de gênero na sala de aula.
Rodríguez foi escolhido por Bolsonaro após a bancada evangélica transmitir diretrizes que espera que sejam seguidas durante o próximo governo no que se refere à Educação no país. Os políticos chegaram a sugerir o nome do procurador Guilherme Schelb, um dos principais opositores da ideologia de gênero nas escolas, mas o presidente eleito optou pelo professor, com experiência de ministrar aulas em universidades e currículo irretocável.
Na última segunda-feira, 26 de novembro, Rodríguez condedeu uma entrevista durante um evento na universidade onde leciona, em Londrina (PR), e explicou os motivos que o fazem rejeitar a concepção de que a identidade de gênero de uma pessoa seja construída no contexto social, ao invés de ser uma determinação biológica.
“Olha, eu não concordo por uma razão muito simples: quem define gênero é a natureza. É o indivíduo. Então a discussão da educação de gênero me parece um pouco abstrata, um pouco geral”, declarou o futuro ministro da Educação, segundo informações do portal G1.
Na sequência, Ricardo Vélez Rodríguez usou o exemplo do Canadá, onde esteve recentemente, para mostrar que em geral, a ideologia de gênero vem acompanhada de uma imposição. O país aprovou uma lei federal, mas as províncias autônomas decidiram debater o tema de forma mais aprofundada e, nos locais onde o governo tem estrutura conservadora, a lei foi derrubada.
“Então eu acredito que quando consultadas as pessoas onde moram, enxergando o indivíduo, a educação de gênero é um negócio que vem de cima para baixo, de uma forma vertical e não respeita muito as individualidades. A culminância da individualização qual é? A sexualidade. Então, se eu brigo com um indivíduo, vou brigar com a sexualidade e vou querer regulamentar a sociedade por decreto, o que não é bom. Eu acho que é um tiro fora do alvo”, conceituou.
Escola sem Partido
O projeto de lei que visa impedir a doutrinação política nas salas de aula conta com simpatia do futuro ministro: “Eu acho que a doutrinação não é boa para o aluno, nos primeiros anos, no ensino básico, fundamental, tem que ser educado fundamentalmente para integrar-se na sua comunidade, no seu país, que é um país suprapartidário. Não é um partido político que vai fazer com que o menino, o jovem tenha consciência cidadã”, declarou.
Em relação ao ENEM, que o próprio Bolsonaro fez críticas agudas após ser eleito, Rodríguez deu a entender que haverá reformulação: “Tem que ser uma prova que avalie realmente os conhecimentos, e que não obrigue o aluno a assumir determinada posição com medo de levar ‘pau’. Tem muito aluno que me falou: ‘Professor, eu tento responder certo, não quero levar ‘pau’ por isso, porque tento responder o que eu espero que os questionadores [querem]'”, observou.