A rede Globo de televisão é conhecida do público por fazer das suas novelas, em muitos casos, uma vitrine para tudo o que contraria os valores da família e de Deus. Neste sentido, não é por acaso que a emissora tenha se tornado alvo de mais uma polêmica, após exibir o capítulo de uma novela classificado por muitos telespectadores como uma verdadeira “aula” de aborto.
A cena foi exibida no horário das 19h no dia 19 de outubro (sábado), na novela Bom Sucesso. Na cena, o diálogo entre a personagem Nana com Paloma (Grazi Massafera) claramente incentiva o aborto, prática essa que é crime no Brasil.
A fala da atriz, inclusive, vai além da esfera criminal, invadindo o campo ético, moral e biológico, pois despreza completamente a figura do ser humano em formação no útero materno, tudo em função do desejo de abortar.
“Pensando bem, ainda não é um bebê. É só um embrião”, disse a personagem. “Não tem sistema nervoso, não tem coração, não é nem um humano ainda”. Na sequência, Nana reproduz a mesma narrativa utilizada por grupos feministas, a qual faz parecer que o corpo do bebê é parte da mulher, quando na verdade é outro.
“Eu não sou a favor do aborto, ninguém é. Mas sou a favor do direito de decidir sobre o meu corpo, sobre a minha vida”, completou a personagem, que depois questionou o seu ex-marido pelo fato do aborto ser crime no Brasil, mais uma vez usando argumentos propagados amplamente por grupos feministas no país.
“Aqui é ilegal, mas todo mundo conhece alguém que já fez. Quem tem dinheiro consegue fazer um aborto seguro. Quem não tem condições, pode até morrer ou ser presa. Sou privilegiada, eu sei, mas eu não queria estar passando por isso”, disse a personagem.
A ênfase do Ministério Público
Após denúncias dos telespectadores nas redes sociais, o Ministério Público Federal (MPF) instaurou um inquérito civil contra a Globo. No entanto, a preocupação do órgão não é, exatamente, com o fato da emissora poder ter feito apologia ao crime, mas sim com o horário em que a “aula” de aborto foi ao ar.
“As emissoras deveriam observar na sua programação as cautelas necessárias às peculiaridades do público infantojuvenil”, disse o procurador em nota enviada à imprensa, segundo o Notícias da TV.
Pela nota, percebe-se que a ênfase da preocupação do MPF recai sobre o horário da novela e não, também, sobre o fato da trama fazer apologia ao aborto, o que é crime no Brasil.
“O MPF solicitou para a Coordenação de Classificação Indicativa, do Departamento de Promoção de Políticas de Justiça, do Ministério da Justiça, o horário de exibição e a classificação indicativa adotada para a novela”, diz o documento.
“O MPF também pediu análise específica do capítulo em que a temática sobre aborto foi discutida, sob justificativa de incompatibilidade de exibição desse tipo de conteúdo ao horário infantojuvenil”, acrescenta.
O próprio site oficial do MPF veiculou uma matéria noticiando o caso, indiretamente endossando o conteúdo da novela, deixando claro que “o procurador afirma que a prática de aborto pelas mulheres brasileiras é um fato e reforça a importância da discussão sobre o tema”.
Só então o texto termina ressaltando a relevância do horário, meramente, dizendo que para o procurador, “as crianças e adolescentes não conseguem distinguir a mensagem de merchandising social proposta pela novela do incentivo ao aborto. ‘Os direitos das crianças e adolescentes à proteção da formação psíquica e moral de nossa juventude precisam ser respeitados'”, disse ele.