Um grupo zeloso pela teologia vinha, há anos, reprovando os desvios teológicos que a Igreja Metodista Unida vinha fazendo para acolher o movimento LGBT entre seus membros e sacerdotes, mas agora a discussão se encerrou com a divisão e o surgimento de uma nova denominação, conservadora biblicamente.
O lançamento da Igreja Metodista Global ocorreu no último domingo, 01 de maio, com pastores e membros que deixaram a Igreja Metodista Unida (UMC) por não aceitarem os desvios teológicos que dominaram a denominação.
Ao longo de décadas houve debates sobre uniões entre pessoas do mesmo sexo, ordenação de homossexuais ao ministério pastoral, entre outros temas liberais. Em determinado ponto, concluiu-se que não haveria conciliação, e o rompimento seria a melhor saída.
“Sem alarde, mas cheio de esperança, fé e perseverança”, disse o reverendo Keith Boyette, presidente do Conselho de Liderança Transitória da Igreja Metodista Global, sobre o surgimento oficial da nova denominação metodista.
Boyette acrescentou que o lançamento da nova igreja foi impulsionado pelo fato de muitas pessoas estarem “cansadas do conflito não ser abordado e resolvido pela Igreja Metodista Unida”.
Em entrevista ao portal Religion News Service, o reverendo observou que os debates entre os líderes metodistas sobre questões relacionadas à sexualidade ocorriam em todas as reuniões da Conferência Geral da Igreja Metodista Unida desde 1972, quando o tema foi adicionado ao Livro de Disciplina da denominação, definindo que “a prática da homossexualidade é incompatível com o ensino cristão”.
Doutrina
Em 2015, as discussões que ocorriam há mais de 40 anos se tornaram de conhecimento do público, quando os bispos anunciaram uma sessão especial da Conferência Geral dedicada ao tema, que seria realizada no ano seguinte.
Em 2019, a igreja aprovou o chamado “Plano Tradicional”, que manteve a proibição da ordenação de ministros homossexuais e da celebrações de uniões entre pessoas do mesmo sexo, popularmente chamadas de “casamento gay”.
Na época, os Metodistas Unidos Progressistas anunciaram que iriam ignorar as deliberações da sessão especial, enquanto os Metodistas defensores da doutrina bíblica expressaram frustração com a postura dos progressistas e, pela primeira vez, ameaçaram deixar a denominação.
Esse cisma inicial fez surgir um grupo que tentou conciliar os diferentes pontos de vista teológicos dentro da UMC, que negociou um acordo para criar uma denominação metodista “tradicional” separada, que receberia US$ 25 milhões nos quatro anos seguintes.
Uma Conferência Geral estava agendada para discutir a divisão da igreja em 2020, mas a pandemia adiou a sessão. Desde então, a reunião foi cancelada três vezes e foi adiada para 2024.
Ruptura
No terceiro adiamento, já no início de 2022, os Metodistas conservadores perderam a paciência e decidiram seguir adiante por conta própria. Uma das primeiras igrejas a se desligar oficialmente da denominação foi a Igreja Metodista Unida Frazer, uma congregação de cerca de 4 mil membros em Montgomery, Alabama, que anunciou seus planos de se juntar à Igreja Metodista Livre.
Dessa forma, o Conselho de Liderança Transitória da Igreja Metodista Global decidiu que lançaria a nova denominação em 1º de maio. Boyette informou que o Conselho de Liderança Transitória não sabe quantos pastores, igrejas ou conferências se juntaram à denominação com o lançamento, mas acredita que centenas de igrejas nos EUA já começaram o processo de desfiliação da UMC, e a maioria vai desembarcar na Igreja Metodista Global.
Da mesma forma, algumas das congregações divergentes podem esperar até 2024 para ver o que a Conferência Geral Metodista Unida decidirá, e assim, fazerem sua escolha: “Acho que ninguém está dançando de alegria por estarmos neste lugar no Metodismo. Acho que há uma tristeza por termos chegado a esse ponto”, lamentou Boyette.
A Conferência Anual Provisória Bulgária-Romênia já se decidiu através de votação e optou por deixar a UMC e ingressar na Igreja Metodista Global.
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