Grupos de católicos intolerantes no estado de Chiapas, México, vêm, há anos, perseguindo famílias evangélicas. O caso mais recente envolve a imposição de multas ilegais aos que se recusam a participar de um festival católico realizado anualmente em maio.
O cenário de perseguição religiosa por parte dos católicos contra os evangélicos se estende por todo o estado de Chiapas. Em 2016, famílias foram expulsas da cidade de Las Margaritas e tiveram suas casas incendiadas.
Agora, o grupo de evangélicos atingido pela intolerância vive em Nueva las Tacitas, no mesmo estado. Os membros da Igreja Presbiteriana Alfa e Ômega foram intimados a participarem do festival de Santa Cruz ou pagarem multas ilegais.
No total, as 17 famílias evangélicas que forma a congregação na cidade de Nueva las Tacitas convive com essa imposição há quatro anos, de acordo com informações da Christian Solidarity Worldwide (CSW), organização que se dedica a monitor a situação dos cristãos perseguidos.
A CSW diz que a luta pela liberdade religiosa dos evangélicos na cidade começou de forma mais intensa em 2016, quando uma multa foi aplicada. Em 2019 os católicos se sentiram encorajados a multar todos os que rejeitaram o festival.
Seis das famílias protestantes se recusaram a participar do festival católico e receberam uma multa de 300 pesos mexicanos (equivalente a R$ 75). Os que se recusaram a pagar tiveram seu abastecimento de água cortado pelas autoridades locais até que o valor fosse quitado.
Em alguns anos, os evangélicos chegaram a ficar cinco meses sem acesso a água encanada até conseguirem juntar dinheiro para pagar a multa ilegal.
Em maio de 2021, a multa aumentou para 500 pesos mexicanos, e desde então a comunidade evangélica cresceu e agora 10 famílias enfrentam a punição por não terem tido meios de pagar.
Crueldade
Segundo o pastor Miguel Gómez Pérez, que dirige a congregação, as autoridades possuem uma lista na delegacia com todos os nomes dos membros da Igreja Presbiteriana e vão nas casas de cada família para cobrar a multa.
Pérez declarou à CSW que o dinheiro cobrado é usado para comprar bebidas alcoólicas e refrigerantes para o festival católico.
O impacto na rotina é enorme, explicou Josefina Cruz Ruiz, uma das evangélicas que tiveram o abastecimento de água cortado ilegalmente. Ela contou que as tarefas domésticas se tornaram um desafio.
Josefina e outras mulheres da comunidade perseguida precisaram caminhar até um pequeno riacho a 20 minutos de suas casas para coletar água para beber, cozinhar e limpar, além da dependência da água do riacho para lavar as roupas da família, carregando entre 10 e 15 kg de roupas na cabeça.
“É inadmissível que essas famílias enfrentem o corte de serviços de água pelo quarto ano consecutivo, sem uma solução duradoura por parte do governo”, protestou Anna Lee Stangl, diretora jurídica da CSW. “As famílias foram claramente visadas por causa de sua fé e com a intenção de pressioná-las a se conformarem com a religião majoritária em Nueva las Tacitas”, encerrou.