Um pastor iraniano acusado de ameaçar a segurança nacional de seu país com a pregação do Evangelho foi preso e enviado para um presídio a mais de 1.600 quilômetros de distância de sua casa.
Conhecido como pastor Matthias, o líder cristão Abdulreza Ali Haghnejad, da Igreja do Irã, está preso na cidade de Minab, província de Hormozgan, a uma distância significativa de sua casa em Bandar Anzali.
A informação sobre o caso veio a público através da entidade de monitoramento da liberdade religiosa Christian Solidarity Worldwide (CSW), sediada no Reino Unido. O pastor Matthias e outro conhecido líder cristão do Irã, pastor Yousef Nadarkhani, vêm sofrendo acusações mirabolantes de tentar sabotar o regime islâmico que governa o país.
De acordo com informações do portal The Christian Post, todos os processos atuais contra os pastores Matthias e Nadarkhani começaram a partir de uma acusação feita sob coação por um casal que era membro da igreja onde eles atuavam.
Matthias Haghnejad foi anteriormente absolvido de acusações semelhantes em 2014, mas foi novamente acusado do mesmo crime em janeiro de 2022, depois que a Polícia Política recebeu permissão, em novembro de 2019, do então chefe de justiça e atual presidente do Irã, Ebrahim Raisi, de anular uma decisão da Suprema Corte em seu favor.
O presidente da CSW, Mervyn Thomas, expressou preocupação com a situação: “A CSW está chocada com a implacável perseguição judicial efetiva aos pastores Haghnejad e Nadarkhani”.
Thomas pontuou que a situação enfrentada há anos por Matthias e Nadarkhani é uma clara violação do Artigo 14:7 do Pacto Internacional sobre Direitos Civis e Políticos, do qual o Irã é signatário.
Semanas atrás, a CSW informou sobre a situação do pastor Nadarkhani, mencionando as novas acusações contra ele e o pastor Haghnejad, feitas pelo casal Ramin Hassanpour e Saeede Sajadpour, e disse haver indícios de coação: “[As acusações] supostamente surgiram depois que pressão psicológica foi exercida sobre seus acusadores, que tiveram apenas um conhecimento passageiro de um dos pastores. Isso por si só deveria tornar essas alegações não confiáveis e inadmissíveis”.
A entidade pontua que acusações dessa gravidade raramente são feitas por cidadãos comuns, e uma fonte da CSW sugeriu que a família Hassanpour foi coagida a acusar os pastores sob a ameaça de que seus filhos fossem levados embora.
“Esses homens estão claramente sendo submetidos a assédio oficialmente planejado devido a seus papéis de liderança na igreja”, acrescentou Thomas sobre a situação de Matthias e Nadarkhani.