Há tempos a presença evangélica nas emissoras de rádio e TV do país, com horários alugados, motiva críticas de jornalistas e especialistas em entretenimento. Agora, uma nova investida de um dos mais famosos colunistas do país sobre o assunto voltou a sugerir a proibição de programas evangélicos.
Flávio Ricco, colunista do Uol especializado em programação de TV, publicou um artigo pedindo “providências”, além de fazer associação entre os pastores neopentecostais e o médium João de Deus, acusado de abusar sexualmente das mulheres que procuraram ajuda em seu centro espírita ao longo de décadas.
“O Brasil tem muitos problemas, mas a exploração da boa-fé das pessoas está entre as principais. João de Deus foi desmascarado e preso, depois que um grupo de mulheres resolveu denunciá-lo. Antes a mesma coisa se deu com o médico criminoso Roger Abdelmassih. Agora é esperar quando alguma coisa parecida vai acontecer com aqueles que, o dia inteiro, botam a cara na televisão ou usam microfones de rádio, prometendo as mais diversas curas e milagres”, escreveu Ricco.
O jornalista afirmou que “na semana passada, um desses, usou um menino, espalhando fotos dele, para divulgar o seu negócio”, e afirmou que a iniciativa contava “com o desespero das pessoas num país onde a saúde funciona daquele jeito”.
“Pior é que vai ano, vem ano, sai governo, entra governo e ninguém se digna a tomar qualquer providência, apesar de tudo acontecer a céu aberto”, acrescentou Flávio Ricco, sugerindo algum tipo de censura aos programas evangélicos das variadas linhas doutrinárias. Iniciativa semelhante foi proposta, anos atrás, pelo ex-deputado federal Jean Wyllys (PSOL).
A justificativa para impedir a presença de evangélicos nas emissoras de rádio é, segundo o jornalista, a falta de provas de que os fiéis sejam realmente abençoados com curas e milagres: “Quanto a esses curandeiros, comprovação de curas, nunca existiu nenhuma. Mas quanto aos milagres, de fato todos parecem ser muito bons, principalmente na multiplicação de dinheiro. Basta verificar a fortuna de cada um”, disparou.
+ Censura do MPF a evangélicos é barrada na Justiça
“A propagação dessas pregações ou mensagens milagrosas continua, e parece não ter fim, nos meios tradicionais, rádio e televisão. Mas também já chegou às redes sociais. E de forma bem intensa”, concluiu, sem no entanto, mencionar que em plataformas como Facebook, Google, YouTube e Instagram já há registros de censura comprovada a diferentes correntes de pensamento, como o conservadorismo, por exemplo.