A Justiça de São Paulo aceitou a denúncia feita contra a jornalista Patrícia Lélis pelo Ministério Público (MP) após a Polícia Civil indiciá-la por denunciação caluniosa e extorsão contra o então assessor do pastor e deputado Marco Feliciano (PSC-SP).
O juiz Carlos José Zulian agendou o interrogatório de Patrícia Lélis para o próximo dia 25 de maio, às 15h00, assim como o depoimento das testemunhas do caso. Nessa ocasião, caso o magistrado entenda que o caso foi esclarecido e a jornalista é culpada, ele já poderá emitir a sentença. As penas previstas vão de 6 a 20 anos de prisão.
A denúncia feita pelo MP e acolhida pela Justiça considera que Patrícia Lélis mentiu à Polícia Civil em agosto de 2016, quando alegou ter fugido de cativeiro preparado por Talma Bauer, então chefe de gabinete de Feliciano. Na mesma ocasião, acusou o pastor de estupro.
O Boletim de Ocorrência, registrado no 3º Distrito Policial (DP), abriu a possibilidade de investigação do caso, e o ex-assessor chegou a ser preso em flagrante, mas após prestar depoimento, foi liberado. Durante a averiguação dos fatos, o delegado Luiz Roberto Hellmeister chegou à conclusão de que a jornalista havia mentido.
De acordo com informações do G1, a 1ª Promotoria Criminal também acusou Patrícia Lélis de cobrar dinheiro de Bauer para gravar vídeos em São Paulo desmentindo a acusação de tentativa de estupro que ela fez contra o pastor Marco Feliciano. Segundo Bauer, o valor pago à jornalista foi R$ 20 mil, através de um amigo dela.
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A eventual condenação de Patrícia Lélis nesse caso não elimina a investigação feita pela Procuradoria Geral da República (PGR) contra o pastor Feliciano, no caso em que ela o acusa de tentativa de estupro em Brasília. O caso corre em segredo de Justiça, e as partes não podem comentar detalhes sobre o caso.
No dia e hora em que a jornalista acusou o pastor pelo crime, Feliciano estava sendo recebido pelo ministro do Trabalho para uma reunião, e as câmeras da sede do Ministério o filmaram chegando ao local e saindo, posteriormente, para as sessões que a Câmara dos Deputados realizaria naquele dia.
Prisão
A Polícia Civil já havia pedido a prisão preventiva de Patrícia Lélis em setembro passado, quando ela foi indiciada por denunciação caluniosa e extorsão. No entanto, tanto o Ministério Público quanto a Justiça entenderam que tal medida era desnecessária. A defesa da jornalista, então, pediu a anulação do inquérito que a indiciou, mas a Justiça negou.
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Procurada pelo portal de notícias da Globo, a jornalista afirmou, por e-mail, que o delegado Hellmeister não tem uma conduta exemplar, e insinuou que isso tire sua legitimidade no caso.
“O delegado que fez tal acusação carrega nas costas crimes bárbaros que aconteceram dentro da sua delegacia, como por exemplo o caso da Verônica Bolina, que foi brutalmente agredida dentro da própria delegacia”, escreveu, fazendo referência a um travesti que foi espancado em 2015.
“Tenho testemunhas que estavam presentes na delegacia, que vão dar testemunho ao meu favor, dizendo sobre a conduta do delegado, e sobre os inúmeros xingamentos que se refere a mim”, acrescentou Patrícia Lélis, sem comentar com objetividade as acusações de denunciação caluniosa e extorsão.
Uma das advogadas de Patrícia Lélis, Ana Ruas, afirmou que “a defesa confia no trabalho do judiciário, que fará uma análise pormenorizada dos fatos, respaldado nas provas devidamente produzidas durante a instrução criminal, sempre sob o crivo do contraditório e assegurados os princípios constitucionais assegurados pelo estado democrático de Direito”.
Ana Ruas divide a tarefa de defender Patrícia Lélis com a advogada Livia Novak, e reiterou sua confiança de que o caso será julgado de forma justa: “Vamos esperar o judiciário, que é ele que tem o poder de julgar o certo e o errado nesse momento”, concluiu Ruas.