A guerra na Ucrânia tem custado muito para a Rússia, especialmente para o presidente Vladimir Putin, que vem enfrentando inúmeros protestos contra a invasão promovida no país vizinho. Além dos prejuízos econômicos devido ao alto valor gasto no conflito, o comandante do Kremlin também está sofrendo com o desgaste político interno.
Recentemente, por exemplo, o líder ortodoxo russo Ioann Burdin chegou a ser preso por causa das suas críticas ao governo russo. Ele se manifestou de forma contrária à invasão na Ucrânia, assim como mais de 13 mil cidadãos russos que também já foram detidos por causa disso.
Quem confirmou a prisão de Ioann foi outro padre ortodoxo russo chamado Andrey Kordochkin, que saiu do pais e atualmente vive em Madrid, na Espanha, onde atua como reitor da Santa María Magdalena, a catedral da Igreja Ortodoxa na cidade espanhola.
No caso de Ioann, ele também assinou uma carta junto com outros 285 líderes ortodoxos, condenando a invasão na Ucrânia. “O julgamento a que nossos irmãos e irmãs na Ucrânia foram imerecidamente submetidos”, diz um trecho do documento.
A prisão do religioso faz parte de um esforço do Kremlin para tentar conter a onda de descontentamento por parte da população. Muitos russos discordam da guerra e enxergam nas reações do Ocidente uma ameaça à economia da Rússia, tendo em vista o grande número de sanções impostas ao país.
Sobre o papel da Igreja Católica Ortodoxa no conflito russo-ucraniano, Kordochkin explicou ao El Mundo que é um equívoco achar que há um apoio unânime a Putin, já que muitos enxergam a denominação como parte do governo. Ele disse que isso não é verdade.
“A Igreja Ortodoxa Russa não é a Igreja Estatal Russa, oficialmente”, disse o padre, pontuando a seguir um dos motivos pelos quais muitos líderes são contra a guerra. “Não está apenas separada do Estado, como o alcance geográfico dos nossos fiéis cobre mais territórios. A maioria dos fiéis ucranianos faz parte de nossa igreja.”