Três políticos ligados à Igreja Universal do Reino de Deus foram condenados pela Justiça Federal por participarem do esquema de desvio de dinheiro do Ministério da Saúde conhecido como “Máfia das Ambulâncias”.
A sentença do juiz Ali Mazloum, da 7ª Vara Criminal Federal de São Paulo, condenou à cadeia o pastor Marcos Roberto Abramo, que foi deputado federal pelo PP-SP e hoje é vereador em Betim (MG), pelo PRB (partido ligado à denominação). A sentença de Abramo é de oito anos de prisão em regime fechado.
O ex-deputado federal Wagner Amaral Salustiano (PSDB-SP), também ligado à Universal, foi condenado a 6 anos e 8 meses de reclusão em regime semiaberto.
Por último, o pastor Saulo Rodrigues da Silva (PRB-SP), vereador em Ribeirão Preto (cidade do interior paulista), pegou pena de 4 anos e 2 meses. Saulo já esteve envolvido em outros escândalos de corrupção, e recentemente, foi obrigado a devolver verbas da Câmara Municipal de sua cidade, usadas para pagar despesas pessoais.
O esquema da “Máfia das Ambulâncias”, que desviava verbas do Ministério da Saúde, se dava através da compra superfaturada de ambulâncias. No caso dos três políticos acima, a fraude acontecia através da Associação Beneficente Cristã (ABC), que é parceira da Igreja Universal, segundo informações do site Consultor Jurídico.
A denúncia apresentada pelo Ministério Público Federal trata “das condutas criminosas praticadas pelos integrantes da Máfia dos Sanguessugas em conluio com os responsáveis pela entidade Associação Beneficente Cristã, ora designada ABC, entidade sem fins lucrativos, constituída em agosto de 1994, parceira da Igreja Universal do Reino de Deus”, diz trecho da acusação.
Em sua sentença, o juiz Mazloum destacou que um dispositivo pertinente à atividade do Poder Legislativo – as emendas parlamentares – se transformou em uma “gravíssima distorção do sistema político”, tornando esse dispositivo em uma mercadoria de troca.
Foi através de emendas parlamentares que os envolvidos conseguiram repasses do Ministério da Saúde para a compra das ambulâncias, que foram adquiridas com valores superiores aos praticados no mercado, tendo o excedente sido desviado para interesses escusos.
“O melhor seria que o Parlamento se ativesse à atividade típica de legislar, fazendo boas leis, deixando ao Executivo a função de governar e definir onde, como e quando investir o dinheiro público”, finalizou o juiz.