O posicionamento da Igreja Universal do Reino de Deus em apoio à indicação do desembargador Kassio Nunes Marques ao STF foi avaliado pelo pastor Silas Malafaia como “um jogo estratégico nojento”. O possível futuro ministro é alvo de críticas intensas dos apoiadores do presidente Jair Bolsonaro.
Malafaia, um dos aliados mais próximos, não vem poupando críticas ao presidente pela escolha, e aponta as ligações do passado de Kassio Nunes com partidos de esquerda, em especial o PT, e sua “posição muito dúbia” sobre aborto como motivos de se opor à indicação.
Em entrevista à Folha de S. Paulo, o pastor da Assembleia de Deus Vitória em Cristo (ADVEC) diz que a manifestação da Universal a favor de Kassio Nunes é um jogo com moeda de troca pelo apoio de Bolsonaro ao deputado federal Celso Russomanno (Republicanos) na disputa pela prefeitura de São Paulo, e um apoio a Marcelo Crivella (Republicanos), candidato à reeleição no Rio.
“O presidente disse que vai ser uma segunda [nomeação], a evangélica. Ninguém colocou faca em pescoço de Bolsonaro. Inclusive o bispo da Universal da Unigrejas assinou a lista também. Essa conversinha fiada da Igreja Universal é por interesse político, tá? Um jogo estratégico nojento, político, para agradar, porque Bolsonaro está apoiando Crivella e Russomanno. A Universal que é isolada. Representa 4% dos evangélicos. Isso é onda, puríssima”, disparou Malafaia.
Depois de alfinetar a Igreja Universal, Malafaia alertou que há indícios de idolatria a Bolsonaro por parte da população, e que esse tipo de comportamento é inconcebível para um cristão, além de ser prejudicial inclusive para o próprio presidente: “Tem alguns apoiadores que estão idolatrando o presidente. Isso não é bom nem pra ele. É exatamente o que a esquerda faz. Não crê em Deus, mas faz culto de personalidade. É só ver a história do comunismo no mundo. Apoiar um presidente é salutar, agora, essa idolatria louca de tudo o que ele fala não é bom… todos nós somos passíveis de errar”.
O pastor também comentou que citou Provérbios 27:6 como uma forma de alertar sobre o mal que a falta de sinceridade entre aqueles que cercam o mandatário pode causar: “É pra dizer a Bolsonaro que aquele que é leal fala a verdade. Amigo é o que fala que o outro está com mau hálito. Não acredito que o presidente tenha inimigos dentro do campo aliado, tem é puxa-sacos”.
“Há dez dias, quando eu soube que a primeira vaga não seria de um terrivelmente evangélico, disse assim: ‘Quando anunciar o cara, diga que a segunda vaga vai ser para um evangélico. O senhor falou em muitas reuniões evangélicas, o ser humano faz associação. Daqui a pouco estão dizendo que o senhor é traidor’. Ele escutou e falou isso. Tenho voo próprio, penso. Já discordei do presidente no caso do Magno [Malta, ex-senador]. Bolsonaro até brinca: ‘Quando Malafaia bota dois áudios seguidos no meu zap, eu nem escuto, sei que é bronca’. Fiz casamento dele [com Michelle]. Não cheguei aqui agora, não, com todo o respeito”, concluiu o pastor.