Certos cristãos defendem o que em alguns segmentos da igreja evangélica, especificamente o neopentecostal, é conhecido como “maldição hereditária”. Trata-se de uma corrente que acredita ser possível que certos acontecimentos ruins sejam parte de uma suposta herança espiritual dos pais e seus ancestrais.
O tema foi abordado pelo teólogo e escritor Gutierres Fernandes Siqueira em um post resumido publicado por ele em seu perfil numa rede social, onde ele rebateu o conceito de maldição hereditária, explicando se tratar de algo fruto de uma interpretação errada das Escrituras Sagradas.
O erro, precisamente, parte da leitura de versículos como Êxodo 20:5, onde está escrito: “Não te prostrarás diante deles nem lhes prestarás culto, porque eu, o Senhor teu Deus, sou Deus zeloso, que castigo os filhos pelos pecados de seus pais até a terceira e quarta geração…”.
Gutierres, no entanto, lembrou que nenhuma passagem bíblica deve ser interpretada fora de um contexto que leve em consideração a totalidade das Escrituras, tendo em vista que a sua mensagem é única. Isto é, que as suas partes se complementam em sentido.
“É importante entender que a Bíblia é um texto unificado, e qualquer versículo deve ser lido no contexto da mensagem bíblica como um todo”, disse ele, citando como exemplo outra passagem, neste caso, que ensina completamente o oposto do conceito de maldição hereditária.
“A alma que pecar, essa morrerá; o filho não levará a iniquidade do pai, nem o pai levará a iniquidade do filho. A justiça do justo ficará sobre ele e a impiedade do ímpio cairá sobre ele”, diz o texto de Ezequiel 18:20.
“Essa passagem desafia diretamente a ideia de uma ‘maldição hereditária’, enfatizando a responsabilidade pessoal e individual por nossas ações e pecados”, explica o teólogo em sua postagem.
Obra redentora
Segundo Gutierres, a suposta maldição hereditária também não se sustenta diante da obra salvífica de Jesus Cristo, uma vez que a Bíblia deixa claro que o Senhor faz nova todas as coisas, restaurando a vida do pecador arrependido, como o especificado no texto de 2 Coríntios 5:17.
O teólogo também explicou que doenças de origem genética não têm relação alguma com herança espiritual, mas com uma condição humana natural, sob a qual todos estão sujeitos, pois são frutos da queda humana no Éden.
Assim sendo, “não há destino fixo com base nesses fatores. Somos chamados a enfrentar esses desafios com fé, esperança e amor, confiando na misericórdia de Deus e no poder transformador de Jesus Cristo”, conclui o autor.