Um cisma histórico envolvendo o zelo pela doutrina bíblica está abalando a Igreja Metodista Unida (UMC) nos Estados Unidos, e até agora, mais de 4 mil congregações decidiram se desfiliar da denominação.
As igrejas que mais recentemente confirmaram a desfiliação formam um grupo da região de Baltimore, no estado de Maryland, e da região de Washington, DC.
Ao todo, 23 igrejas submeteram o assunto a votação e a decisão da ampla maioria dos membros foi abandonar a UMC, se juntando a milhares de outras congregações que seguiram o mesmo caminho.
A discórdia
No papel, a Igreja Metodista Unida se mantém conservadora na doutrina, rejeitando a homossexualidade por considera-la “incompatível com o ensino cristão”.
O Livro de Disciplina da UMC proíbe a união entre pessoas do mesmo sexo, assim como a ordenação de homossexuais ao ministério pastoral se estes não forem celibatários.
Na prática, gays e lésbicas celebram suas uniões afetivas nos templos e até mesmo sacerdotes assumidamente homossexuais têm sido ordenados ao ministério.
O problema vem se arrastando ao longo dos últimos anos, já que uma ala da UMC quer impor uma mudança da postura oficial.
Em 2020, um grupo de metodistas com diferentes visões teológicas propôs um acordo em que a UMC repassaria fundos para que eles pudessem criar uma nova denominação conservadora sobre o tema da sexualidade, enquanto os progressistas ficariam livres para mudar o Livro de Disciplina e abraçar a teologia LGBT de vez.
Entretanto, por causa da pandemia, essa discussão foi adiada para março de 2022, mas a UMC novamente adiou o debate para 2024, o que causou irritação em muitas congregações, que passaram a romper com a denominação e fundaram a Igreja Metodista Global (GMC).
Em 2022, algumas congregações enfrentaram oposição da UMC para se desfiliar. Em vários estados dos EUA, centenas de outras igrejas levaram adiante suas decisões de se desligar da denominação por não compactuarem com o relativismo diante do liberalismo teológico.
Debandada
Uma das igrejas que optou por abandonar a UMC é a Asbury United Methodist Church, que se tornou conhecida no mundo inteiro por conta de um avivamento iniciado na capela da faculdade, episódio que ficou conhecido como o “Avivamento de Asbury”.
Nesse ambiente de divisão, a lista de igrejas que decidiram sair da UMC vem crescendo, mesmo com o risco de essas congregações enfrentarem processos longos e custosos. Por isso, estão optando por se afastar da UMC para defenderem a doutrina bíblica.
Segundo informações do portal The Christian Post, é esse o caso das igrejas que votaram pela saída da Conferência UMC Baltimore-Washington e deverão pagar quase US$ 11 milhões de indenização, valor correspondente a 50% das propriedades onde estão os templos. Há divergências sobre a forma e o prazo para essa quitação, o que deve levar as igrejas aos tribunais.