A ordenação de mulheres ao ministério pastoral é uma questão que, dentro das igrejas evangélicas históricas do Brasil, é tratada como polêmica e, em alguns casos, antibíblica.
Em agosto deste ano, os pastores ligados à Convenção Batista Nacional, a entidade batista com maior representação no país, discutirão o assunto durante o 19º Congresso de Pastores em Florianópolis, SC.
O pastor Gilberto Nascimento, presidente da Ordem de Ministros Batistas do Rio Grande do Norte e um dos líderes da Juventude Batista Nacional, concedeu entrevista à jornalista e colunista do Gospel+, Raquel Elana, e manifestou preocupação sobre as consequências da discussão sobre o tema.
“Esse assunto não é e nunca será uma unanimidade entre as igreja evangélicas. Entre os Batistas Nacionais também não será diferente. Eu sou contra. Não vejo nenhum respaldo bíblico ou ortodoxo em relação à ordenação feminina. Em outras palavras, não há nenhuma citação na Bíblia endossando o chamado feminino”, afirmou o pastor, marcando posição de maneira contundente.
Segundo Nascimento, há falhas nos argumentos de quem defende a ordenação de mulheres ao ministério pastoral e deixou a entender que a prática é uma inversão da mensagem do Evangelho: “Alguém diz ‘mas o Espírito me revelou!’. Se revelou, porque não está nos Oráculos de Deus? Nas Sagradas Escrituras? Os gálatas por exemplo, eram culpados, ainda, de outro pecado que causava grande aflição ao apóstolo: distorciam o evangelho de Deus. Os judaizantes afirmavam pregar ‘o evangelho’, mas não é possível haver dois evangelhos, um com base nas obras e outro com base na graça. ‘Eles não estão pregando outro evangelho’, escreve Paulo, ‘mas uma mensagem diferente – tão diferente do verdadeiro evangelho que, afinal, não é evangelho’. Os judaizantes diziam: ‘Cremos em Jesus Cristo, mas temos algo maravilhoso a acrescentar ao que vocês já creem’. Como se alguém pudesse ‘acrescentar’ algo melhor à graça de Deus! O termo traduzido como perverter em Gálatas 1:7 é usado apenas três vezes no Novo Testamento (At 2:20; GI 1:7; Tg 4:9). Significa ‘fazer uma reviravolta, passar a seguir em direção contrária’ e também poderia ser traduzido por ‘inverter’”, argumentou.
Para o pastor, a possibilidade de haver uma divisão entre as igrejas batistas filiadas à Convenção Batista Nacional é real: “Se é possível haver um racha? A Palavra nos ensina: ‘Amai-vos uns aos outros’ é o princípio fundamental da vida cristã. É o ‘novo mandamento’ que Cristo nos deu. Quando praticamos o amor, não precisamos de nenhuma outra lei, pois o amor abrange todas as coisas! Se amarmos os outros, não pecaremos contra eles. Paulo concentra-se no cerne do problema: o coração humano. Com certeza, haverá um racha se o homem pensar no seu lado egoísta e mesquinho”, opinou.
Ainda de acordo com as declarações do pastor Gilberto Nascimento à colunista Raquel Elana, os pastores batistas nordestinos já marcaram posição contra a “legalização” da ordenação feminina ao pastorado: “Participei de uma discussão com este tema com pastores de outros estados e tenho conversado com algumas lideranças do Brasil. Não sei em relação às outras regiões, mas em se tratando de Nordeste, posso afirmar que da Bahia ao Ceará, os pastores da Ordem não são favoráveis pelo simples fato de não haver respaldo Bíblico”.
Às mulheres, que almejam a conquista do espaço como pastoras, Nascimento aconselhou que continuem desempenhando seu papel, “pois o Evangelho é revelado pelo Espírito mediante a sua Palavra, se não for pela Palavra não é Evangelho”, e acrescentou: “Eu não tenho nenhuma dúvida que vocês são mulheres de Deus e tementes. Deixo para a meditação de vocês I Coríntios 2: 13”.
Leia a íntegra da entrevista concedida pelo pastor Gilberto Nascimento a Raquel Elana neste link.
Por Tiago Chagas, para o Gospel+