O grupo terrorista Estado Islâmico causou mais estragos na região paquistanesa de Quetta, nesse mês, provocando o que já está sendo considerado uma fuga em massa de cristãos para locais com menor probabilidade de sofrerem novos ataques, apesar do risco permanente.
Apenas em abril desse ano já foram registrados dois ataques, onde seis cristãos foram mortos. A Igreja Metodista Bethel, liderada pelo pastor Simon Bashir, também foi atacada na mesma região, próximo ao Natal do ano passado. 10 cristãos morreram no ataque.
Acredita-se que a nova onda de atentados é devido a descentralização do grupo jihadista, após perder território nas principais regiões do Iraque e da Síria em consequência as intervenções militares dos Estados Unidos e da Rússia.
Os terroristas muçulmanos estariam, portanto, migrando para outras regiões e estabelecendo nelas pequenas células, onde ataques mais pontuais são praticados como forma de ameaçar e obrigar os cristãos locais a se converterem à doutrina islâmica.
“Vivemos há séculos em Quetta, mas devido aos assassinatos seletivos de membros da comunidade cristã, perdi nove dos meus familiares e amigos”, disse um membro da comunidade cristã em Quetta, formada por aproximadamente 50 mil fiéis. Segundo informações do jornal britânico Telegraph, o homem não quis se identificar por questão de segurança.
A fuga dos cristãos após ataques do Estado Islâmico
Karachi é a maior cidade do Paquistão e nela a comunidade cristã de Quetta acredita que estará mais protegida, já que não há registro de mortes por intolerância religiosa na região:
“Vamos reconstruir nossas vidas e estabelecer nossos negócios em alguma outra cidade pacífica, o que é realmente uma tarefa difícil. Deixando a cidade natal é muito difícil, mas não temos outra opção”, desabafa o membro da comunidade.
Além das denúncias feitas por organizações que monitoram os casos de perseguição religiosa aos cristãos no mundo, a comunidade cristã paquistanesa espera obter auxílio da Comissão de Direitos Humanos do país, que na semana passada já se pronunciou contra o governo, cobrando ações imediatas de proteção às minorias religiosas:
“A discriminação legal e institucional contra os não-muçulmanos proporciona um ambiente tóxico, propício para que esses atos de violência sejam perpetrados contra eles. A impunidade aumenta pelo completo fracasso do governo paquistanês em responsabilizar os perpetradores de ataques passados contra as igrejas”, disse Saroop Ijaz, porta-voz da Comissão.