O vídeo de um pastor pedindo apoio aos fiéis para que eles ajudem com assinaturas para a criação do partido Aliança pelo Brasil, que está sendo fundado pelo presidente Jair Bolsonaro, está no centro de manchetes da grande mídia. A polêmica se deu porque o pastor fez o pedido durante um culto da Igreja Presbiteriana Central de Londrina (PR).
O pastor Emerson Patriota explica, durante o culto, que o pedido de assinatura é um apoiamento e não uma filiação ao partido, que o líder evangélico frisa que “ainda nem existe”. A Igreja Presbiteriana Central de Londrina é frequentada pelo deputado federal Filipe Barros, um dos fiéis aliados de Bolsonaro na Câmara.
Ao longo de seu pedido, Patriota explica que há representantes de cartórios para reconhecerem firma da assinatura do apoiamento à fundação do Aliança pelo Brasil. Ao todo, o partido precisa reunir 492 mil assinaturas para que o Tribunal Superior Eleitoral aceite sua criação.
“Nós estamos desafiando você, todos, a passarem lá, conhecerem o estatuto, os valores […] Na verdade, eu estava conversando com algumas pessoas e disseram que é mais difícil entrar nesse partido do que em algumas igrejas por aí. Tem que ter mais vida idônea do que algumas igrejas exigem. Isso é muito bom porque tem valores familiares”, comentou o pastor.
“Cremos que é papel do cristão não apenas atuar dentro das quatro paredes da igreja, mas sim na sociedade como um todo. Então junto com o meu pastor, pastor Emerson Patriota, nós combinamos de fazer esse ato de apoiamento voluntário”, disse Barros ao portal O Antagonista.
Legislação
De acordo com informações do jornal O Estado de S. Paulo, especialistas ressaltam que coletar assinaturas em igrejas para criar um partido político não é ilegal, e que o período de restrição ao envolvimento das igrejas só ocorre em período de campanha eleitoral, quando candidatos não podem pedir votos nos templos.
Há uma polêmica instalada na mídia desde o anúncio do projeto de fundação do partido por conta do amplo trânsito do presidente Bolsonaro entre evangélicos. O pastor Silas Malafaia se posicionou contra o uso de igrejas como plataforma de coleta de assinaturas por considerar essa iniciativa como uma “instrumentalização” da instituição para uso político.
Por outro lado, o pastor e deputado Silas Câmara (Republicanos-AM) comenta o caso sublinhando que o apoio ao Aliança pelo Brasil não é institucional, mas feito por pastores e outros líderes simpáticos à nova sigla no papel de cidadãos: “Dentro de igreja, esquece. Eles [pastores] estão atentos a esses movimentos de direita organizados e participam indo lá”, declarou.
Conservador
No dia 21 de novembro de 2019, o Aliança pelo Brasil foi lançado com a apresentação de valores que norteiam a atuação do partido, como o repúdio à ideologia de gênero, o comunismo, socialismo e globalismo.
“Respeito a Deus e à religião; Respeito à memória, à identidade e à cultura do povo brasileiro; Defesa da vida, da legítima defesa, da família e da infância; Garantia da ordem, da representação política e da segurança”, foram os quatro princípios do Aliança pelo Brasil apresentados na cerimônia, o que também explica a identificação do público evangélico com o partido.