A campanha eleitoral gera um fenômeno que marca a visita em massa dos candidatos aos cultos das igrejas evangélicas, o que é visto como um sério desconforto por muitos líderes.
O pastor Renato Vargens, líder da Igreja Cristã da Aliança em Niterói (RJ), criticou a visita da presidente Dilma Rousseff (PT) a um culto da Assembleia de Deus no Brás, em São Paulo, num artigo publicado em seu blog pessoal.
Para Vargens, os políticos demonstram total falta de respeito à fé antes, durante e depois das eleições: “Muitos desses senhores durante os anos que antecedem o pleito, negligenciam Cristo, seu Evangelho e o povo de Deus, todavia, bastam as eleições se aproximarem que essa corja se aproxima da igreja na expectativa de conseguir votos que os conduza a um novo mandato”, disparou.
O artigo do pastor soa como um desabafo de quem não concorda com as negociatas entre líderes religiosos e políticos: “Confesso que estou impressionado com a quantidade de candidatos dispostos a irem a igreja e a ‘cultuar’ a Cristo. Há pouco recebi o pedido de um ‘crente’ candidato a deputado federal querendo o meu apoio incondicional. Noutra ocasião, um destes políticos oportunistas, me pediu a oportunidade de compartilhar seu ‘plano de governo’ numa cerimônia fúnebre que na ocasião oficializei. Complicado sabe?”, lamenta.
Falando especificamente da visita de Dilma ao Congresso de Mulheres da ADBrás, o pastor disse que a presidente tem sido contraditória em suas posturas.
“Na semana passada fui surpreendido com a ida da presidente Dilma a uma igreja evangélica. Na ocasião a ‘camarada Estela’ leu a Bíblia, pediu orações e cantou louvores. Ora, vamos combinar uma coisa? A presidente depois que se elegeu em 2010 nunca foi uma igreja, antes pelo contrário, defendeu com unhas e dentes conceitos e valores que nós cristãos abominamos e agora a eleição se aproxima se dispõe a ir à igreja e pedir a bênção de Deus? […] Eu não sou simplista nem tampouco ingênuo, até porque, bem sei que os outros candidatos a presidência farão a mesma coisa. No entanto, choca-me ver pastores ‘comercializando a fé’”, ponderou Renato Vargens.
Em sua conclusão, o pastor também criticou os líderes evangélicos que abrem espaço nos locais de culto para que políticos peçam votos. “Pra vergonha do evangelho de Cristo e tristeza daqueles que amam ao Senhor, os lobos (ops) digo, alguns pastores, tem feito negócios escusos em troca de apoio e benesses para a igreja do Cordeiro. (II Pedro 2:1-3) Todavia, a contrário destes, decidi que o púlpito da minha igreja está fechado pra todo aquele que usa do nome de Deus para fins pessoais e que por mais que tentem me convencer do contrário, eu não abrirei espaço na liturgia de minha comunidade local para qualquer tipo de campanha política”, finalizou.