Durante um evento realizado na quarta-feira (27), no Palácio no Planalto, para celebrar a “liberdade de expressão”, o deputado federal e vice-líder do governo na Câmara Otoni de Paula (MDB-RJ), protagonizou uma cena curiosa, ao expor uma reportagem da CNN Brasil em que ele é acusado de ser propagador de “fake news“.
Durante a sua fala, Otoni pegou o microfone e, se dirigindo aos câmeras da emissora no local, colocou o áudio da reportagem através do seu celular. Na gravação, a apresentadora Daniela Lima faz graves acusações contra o parlamentar.
Ela o chamou de “achincalhador das instituições, defensor de golpe de Estado”. O deputado, que também é pastor evangélico, disse que se trata de uma fake news, mas que, não poderia “mandar prender” a jornalista.
“Eu não tenho como mandar prender um jornalista da CNN“, disse Otoni de Paula, arrancando aplausos dos presentes, inclusive do deputado Daniel Silveira (PTB-RJ), que foi homenageado durante a cerimônia com um exemplar da “graça constitucional” concedida pelo presidente Jair Bolsonaro a ele, emoldurada em um quadro.
A atitude do deputado Otoni chamou atenção devido ao seu tom de ironia, em referência à decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) de condenar Silveira a quase nove anos de prisão em regime fechado, por acusações de ameaça às instituições e ofensas aos ministros da Corte.
O fato de Otoni de Paula também discursar no evento, sendo ele um dos investigados no polêmico inquérito dos “atos antidemocráticos“, e agora nomeado vice-líder do governo na Câmara dos Deputados, também reforça a natureza crítica do Planalto em relação ao Supremo, pois visa transmitir um recado indireto aos ministros.
O pastor foi nomeado vice-líder do governo esta semana, e em seu histórico estão declarações polêmicas. A mais recente foi em resposta à uma declaração feita pelo ex-presidente Lula, em tom de intimidação, orientando sua militância a enviar pelo menos 50 pessoas nas residências dos parlamentares, a fim de pressioná-los e tirar a “tranquilidade” deles.
“Eu quero dizer para vagabundos igual a Lula. Não atravesse a escola dos meus filhos e nem pense em visitar minha esposa. Ir lá em casa então é inimaginável, porque lá no Rio de Janeiro a gente tem um método de tratar bandido, é na bala (…) Não venha tentar visitar minha casa, porque vai ser na bala”, afirmou Otoni, durante discurso na Câmara.
Assista:
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Crítico de Moraes, pastor Otoni de Paula é nomeado vice-líder do governo Bolsonaro