Um pastor de Belo Horizonte chamado Evandro Maurício de Sousa (42), que reside com sua família nos EUA há 20 anos, diz como tem sido estes dez últimos dias com os protestos no país, após a morte de George Floyd. Ele é pastor da Igreja Brasileira de Kissimmee, na Flórida.
O pastor relata que o sentimento é de revolta e angústia, após o ocorrido com Floyd, que era negro e foi morto por um policial branco, após ter seu pescoço pressionado com o joelho do militar, resultando em sua morte por asfixia.
O ex-policial foi acusado de assassinato em segundo grau pela promotoria de Minessota e a pena pode chegar a 40 anos de prisão. Os outros três policiais também foram acusados por serem cúmplices e não tomarem nenhuma atitude em relação à trágica ação de Derek Chauvim, policial envolvido no homicídio.
O caso repercutiu não só no estado, mas em todo o país e no mundo, ganhando força no combate ao racismo.
“Mais de uma semana da morte de George Floyd, que foi repugnante, triste, indescritível e que chamou a atenção de todas as nações. Ele era um homem de bem que estava fazendo um trabalho extraordinário para a sociedade”, disse o pastor.
“Cristão, George trabalhava com os jovens e tinha como objetivo influenciá-los dizendo que Jesus é muito melhor e maior do que tudo que eles poderiam encontrar nas ruas. Assim, conseguia resgatá-los do abandono e das drogas. Estamos falando de uma pessoa que estava fazendo um bem muito grande pela sociedade”, completou Evandro.
O trabalho de Floyd era bastante relevante na cidade de Houston, no Texas. Ele era envolvido com as obras da igreja e apoiava líderes religiosos. Isso fez com que os protestos tomassem uma proporção ainda maior, pois era um cidadão de bem.
“Isso foi tomando forma e volume. Outras classes começaram a adquirir a causa. Várias cidades aqui tiveram protestos que começaram pacíficos, mas depois entraram alguns aproveitadores e começaram a quebrar lojas, saquear, depredar prédios púbicos e policiais”, explicou Evandro, segundo DeFato.
O pastor acredita que a polícia americana precisa passar por uma reforma, já que o índice de mortes de negros, assim como de brancos, são bem discrepantes. O percentual de mortes de negros é considerado alto.
Outro aspecto que é temido por Evandro é a questão do armamento, pois uma vez que no país é autorizado o uso de armas de fogo, muitos querem defender seus estabelecimentos e casas armados.
“O clima que estamos vivendo é de tensão porque 90% dos americanos andam armados nas ruas e nos comércios, já que o armamento é legalizado. Como será feita essa defesa, em meio de centenas de pessoas agitadas?”, questiona o pastor.
Outra coisa que também chamou a sua atenção foi à atitude de alguns policiais, em Miami, no Sul da Flórida. Durante os protestos, eles se ajoelhavam e pediam perdão em um gesto de demonstração de humildade.
“Os protestos vão continuar e precisam ser pacíficos. A cena dos policiais se ajoelhando é muito forte e emocionante, eles chegam a se abraçar e chorar”.
O pastor diz que as coisas se resolvem com diálogo e paz, pois foi assim que Cristo nos ensinou, uma vez que “a violência não pode ser tratada com violência, Jesus Cristo nos ensinou que não se vence o mal com o mal, se vence com o bem.”