Uma rivalidade anunciada ganhou contornos concretos esta semana. O pastor Marco Feliciano (PSC-SP), líder da Assembleia de Deus Catedral do Avivamento, afirmou que não apoiará uma eventual candidatura da missionária assembleiana Marina Silva (PSB) à presidência da República.
Em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo, Feliciano classificou a ida de Marina Silva para o partido do governador pernambucano Eduardo Campos como “oportunismo”.
“De repente, eu vejo Marina virar socialista e ir para o PSB. Deu um nó na minha cabeça. Para mim, é mais um oportunismo e eu teria dificuldade em apoiar Marina. Farei o possível no meio evangélico para abrir a mente do nosso pessoal porque não é pela carinha, pelo estereótipo de evangélica, que ela vai simplesmente cooptar os nossos votos”, afirmou.
Marina Silva filiou-se ao PSB no último dia 05 de outubro, após o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) negar o registro da Rede Sustentabilidade, movimento político que a ex-senadora tenta transformar em partido.
A princípio, Marina filiou-se ao PSB para participar das eleições apoiando a candidatura de Eduardo Campos, e no momento existem apenas especulações a respeito de uma eventual substituição na cabeça de chapa do PSB, trocando o governador pernambucano pela ex-senadora à frente da candidatura do partido ao Planalto.
Feliciano afirmou que, num eventual segundo turno, não apoiará Dilma Rousseff (PT) e que, se o adversário da atual presidente for o tucano Aécio Neves (PSDB-MG) ou Eduardo Campos (PSB-PE), qualquer um deles terá seu apoio: “Ainda não me defini, mas ambos têm a minha simpatia. Aécio pelo histórico e Campos pelo entusiasmo”.
O pastor Marco Feliciano justificou seu pensamento dizendo que não tem confiança na postura da ex-senadora: “Eu sinto um pé-atrás com a Marina. Na campanha de 2010, ela vinha com um viés evangélico e eu passei a ouvi-la, ainda mais da minha igreja, a Assembleia de Deus. Eu achei que era uma luzinha no fim do túnel e passei a ouvir os discursos dela”, disse, complementando que teve uma “decepção” ao ver que a então candidata à presidência não adotou a postura dele em relação a questões como o aborto, por exemplo.
À época, o mesmo motivo levou o pastor Silas Malafaia retirou seu apoio à missionária e passou a indicar o voto em José Serra (PSDB-SP). Agora, com o anúncio da parceria entre Campos e Marina, Malafaia chegou a comemorar no Twitter provocando o partido de Dilma Rousseff: “Chora PT”.
Em suas críticas a Marina, Feliciano demonstra ressentimento com a postura adotada por ela durante os ataques feitos a ele por ativistas gays, e junta pensamento político com orientação religiosa para criticar a ex-senadora: “Ela teria tudo para representar o segmento. Ela bebe da nossa fonte de costas. E quando o povo quer ver, ela se esconde”, disse, afirmando que Marina “se traveste como cristã [mas] quando precisa chegar junto e mostrar o posicionamento, se esconde atrás da política”.
Por Tiago Chagas, para o Gospel+