Um ato inter-religioso reuniu diversas pessoas no último domingo, 21 de junho, em protesto à agressão sofrida pela menina candomblecista uma semana antes. A criança foi agredida verbal e fisicamente por um grupo de pessoas que, supostamente, seriam evangélicos.
O fato que gerou polêmica no protesto contra a violência foi a suspensão do culto da igreja Batista de Vila da Penha para que os fiéis participassem do protesto. O pastor João Melo liderou os membros da congregação e pediu que, durante o ato, eles levantassem suas Bíblias e cantassem um hino cristão.
“Kailane [a menina agredida] me procurou e perguntou se eu podia dar algum tipo de apoio. Numa situação dessas, Jesus não ficaria entre quatro paredes. Qualquer ato de violência é inadmissível e não temos que tolerar. Nenhuma diferença pode ser maior do que os seres humanos”, argumentou o pastor, explicando o motivo de ter desmarcado o culto.
A avó da menina, Kátina Marinho, se disse surpresa com o tamanho da manifestação, que reuniu 1.500 pessoas, de acordo com informações do jornal Extra: “A gente não estava esperando que todos os seguimentos religiosos estivessem aqui hoje. São pastores, padres, são judeus, messiânicos. Isso que aconteceu com minha neta foi para provar que todos nós somos iguais, cada uma na sua fé. Eu respeito todo mundo e exijo que respeitem a minha religião. Não é possível que esses prédios em volta não tenham câmeras de segurança para ajudar a identificar essas pessoas [que agrediram a menina]”, comentou a candomblecista.
A mãe da menina agredida, a enfermeira Karina Coelho, é evangélica e frequenta a Assembleia de Deus Vitória em Cristo (ADVEC). O pastor Silas Malafaia, líder da denominação, não participou da manifestação inter-religiosa.
Questionada sobre o que ela gostaria de ver acontecendo, Kailane pediu paz: “Parem! O que vocês fizeram não é maneiro. Eu não tenho que perdoar eles, pois quem tem que fazer isso é meu pai Oxalá”, disse a jovem.
O babalaô Ivanir dos Santos demonstrou convicção de que os agressores eram evangélicos e cobrou a identificação deles: “É preciso descobrir a que igreja eles pertencem e qual doutrina está sendo ensinada para eles. Ninguém manda apedrejar o outro formalmente, mas um destemperado pode cometer um ato desses”, afirmou.
A pastora Lusmaria, do Conselho de Igrejas Cristãs do Rio de Janeiro (CONIC), afirmou que os agressores não tiveram um comportamento de cristãos: “A violência destes homens é repugnante e não tem semelhança com o comportamento de cristãos. É um comportamento criminoso e deve ser tratado como tal”.