Uma iniciativa de cristãos colocou o maior site de pornografia online contra a parede por conta de conteúdos pedófilos, e o resultado é que muito desses vídeos terminou removido, obrigando a empresa a mudar sua política de funcionamento.
Toda a mobilização começou nos primeiros meses de 2020, quando uma entidade que combate a exploração sexual infantil, Exodus Cry, criou uma petição pública pedindo o fechamento do site. Cristãos se mobilizaram e arregimentaram mais de 2 milhões de assinaturas, atraindo holofotes da mídia.
As mudanças mais recentes são uma resposta à reportagem “The Children of Pornhub” (“as crianças do Pornhub”, em tradução livre), que o colunista do The New York Times, Nicholas Kristof, publicou destacando como a empresa falhou em cumprir seus protocolos e, portanto, contribuiu para a proliferação da exploração sexual infantil.
Agora, o Pornhub afirmou que todo o conteúdo de seu site agora é publicado apenas por usuários verificados, algo que “plataformas como Facebook, Instagram, TikTok, YouTube, Snapchat e Twitter ainda não instituíram”.
Dessa forma, a empresa espera que pessoas que compartilham vídeos de pedofilia desistam de publicar esse tipo de conteúdo, já que estaria ao alcance das autoridades.
Outra medida estabelecida pelo site de pornografia é que os usuários agora não podem mais baixar parte do conteúdo publicado na plataforma. Essas mudanças vieram na esteira das empresas de cartão de crédito Visa e Mastercard, dizendo que vão proibir “temporariamente” o uso de seus cartões no Pornhub e pretendem “investigar” sua relação com o site pornográfico e sua empresa-mãe MindGeek, de acordo com informações do portal The Christian Post.
Facebook e o abuso infantil
Por sua vez, o Pornhub acusou outras plataformas de mídia social de serem um grande contribuinte para a disseminação de conteúdo de exploração sexual infantil, com destaque para o Facebook: “Nos últimos três anos, o Facebook relatou 84 milhões de ocorrências de material de abuso sexual infantil. Durante o mesmo período, a Internet Watch Foundation independente e terceirizada relatou 118 incidentes no Pornhub”, argumentou a empresa.
Laila Mickelwait, diretora do grupo Exodus Cry, comentou que há muito tempo se dedica a denunciar como o Pornhub promove o tráfico, e acrescentou que o processo de “verificação” do site de hospedagem de pornografia era uma farsa completa e “uma forma de fraude em massa” enganando bilhões de visitantes com a afirmação de que “as contas foram examinadas quando nenhuma prova de idade ou consentimento foi necessária”.
“Apenas um nome de usuário e uma foto eram necessários”, disse ela, chamando os executivos do Pornhub de “criminosos [que] merecem nada menos do que algemas e macacões laranja, em seguida, a apreensão de suas contas bancárias para entregar às vítimas reais”, criticou Laila.
O colunista Nicholas Kristof falou que, pela repercussão de seu artigo, tem recebido correspondência de vítimas expressando seu alívio com a denúncia: “Estou recebendo notas comoventes de garotas que fizeram vídeos de estupro ou nuas no Pornhub, que foram humilhadas, que tentaram suicídio – e que agora podem respirar novamente”, ele escreveu no Twitter.