A perseguição religiosa aos cristãos não acontece apenas em países dominados pelo radicalismo islâmico, mas também em outros lugares através de métodos diferentes. Foi o que aconteceu, por exemplo, em uma escola americana alguns dias atrás, quando um aluno de apenas 7 anos foi denunciado a polícia local por compartilhar passagens bíblicas com seus colegas de sala.
O pai do garoto, Jaime Zavala, tinha o costume de colocar na lancheira do filho versos bíblicos e algumas palavras de motivação para ele ler e compartilhar durante a hora do recreio com seus colegas. As crianças então começaram a pedir cópias e explicação das mensagens, aumentando o número de interessados na leitura dos versos bíblicos.
Segundo a Fox News, um professor chamou o pai do garoto e disse que ele “não estava autorizado a compartilhar tais coisas enquanto estava na escola”. O advogado da instituição disse que ele só poderia fazer isso fora do estabelecimento, após o encerramento das aulas.
“Esta é uma violação clara e grosseira dos direitos de uma criança”, disse Horatio Mihet, advogado do Conselho de Liberdade, defensor do aluno e de sua família contra a Escola Elementar ‘Desert Rose’, em Palmdale.
Alegando a “laicidade” do estado, a escola chegou a enviar um Xerife na casa do garoto para entregar uma notificação aos seus pais. Por outro lado, o Conselho de Liberdade que defende a família, afirmou que caso a escola não reveja sua política de perseguição religiosa a manifestação individual de fé das crianças, entrará com um processo na Justiça Federal contra a escola por violação da primeira emenda constitucional americana, que garante o direito a liberdade de crença.
A perseguição religiosa em uma escola da França
Na França ocorreu um caso parecido, mas com uma professora. Ela (40) trabalha em uma escola do departamento de Indre, no centro da França, e foi denunciada ao diretor, Pierre-François Gachet, por uma carta anônima enviada por alguns pais de alunos.
Segundo o Christian Today, a professora que não teve o nome revelado foi acusada de “proselitismo”, segundo os pais, ao supostamente tentar ensinar suas crenças aos filhos através de leituras da bíblia em sala de aula. Dessa forma, com base no princípio de “laicidade” francês, o diretor decidiu afastar a professora do cargo temporariamente, até investigar melhor o caso.
O conselho escolar nacional da França abriu uma investigação para apurar se a iniciativa da professora foi, de fato, proselitismo, ou um ato aleatório. O Prefeito local afirmou que o afastamento da professora foi desproporcional, visto que ela é muito querida pelos alunos.
Perseguição religiosa e o significado de estado laico
Nos dois casos acima, vemos que o argumento de “estado laico” e separação entre “igreja e estado” foi trazido à tona. Ocorre, porém, que é comum o equívoco na utilização dos termos também no Brasil, motivo pelo qual os exemplos acima podem caracterizar perseguição religiosa aos cristãos.
A violação ao princípio de um estado laico está na utilização da máquina pública para favorecimento de uma crença específica. Se um professor utiliza a sala de aula, por exemplo, com alunos cativos, ou seja; sem a opção de abandonar a sala, para dar aulas a favor ou contra uma religião específica, ele faz proselitismo religioso.
Vale destacar que a “não crença” também é uma expressão de “fé” e, portanto, incitar o preconceito, desrespeito ou desmerecimento de uma religião específica para exaltar, por exemplo, uma ideologia política ou o ateísmo, também é uma violação ao princípio de “laicidade” do estado. É sobre este pilar que também está assentado o projeto Escola sem Partido.
Por outro lado, a expressão de fé individual de uma pessoa, quer na forma de pensamento/opinião ou ação relativa à sua liberdade pessoal, não viola o princípio de laicidade e nem a separação entre igreja e estado, mesmo que ocorra dentro de espaços públicos, como escolas e universidades.
Um exemplo de não violação da separação entre igreja e estado são os “intervalos bíblicos”, comum em muitos colégios e faculdades, onde alunos interessados, geralmente da mesma religião, se reúnem por conta própria nos intervalos das aulas para um devocional. Eles não dependem da máquina pública para fazer isso. Eles fazem uso, apenas, da própria liberdade.