As questões secundárias relacionadas aos três anos do ministério de Jesus despertam muita curiosidade e motivam pesquisadores mundo afora a descobrirem detalhes da rotina do Mestre que não foram registrados nos evangelhos. Nesse contexto, um historiador está alegando que Jesus teria usado óleo de maconha para “operar milagres”.
A afirmação partiu do escritor David Bienenstock, que diz que suas pesquisas mostraram que a cannabis era uma erva facilmente encontrada no Oriente Médio há dois mil anos, e era comum que as famílias a usassem como ingrediente de remédios caseiros.
O ponto de partida do pesquisador são os óleos sagrados usados nos primórdios da Igreja Católica, que continham kaneh-bosem, um ingrediente que seria extraído do óleo da maconha.
Segundo Bienenstock, esse extrato era absorvido pela pele, aliviando dores, e teria sido usado por Jesus para curar as pessoas que o procuravam.
Controvérsia
O ponto de vista do historiador, entretanto, não é consenso no meio acadêmico e muito menos entre religiosos. Lideranças cristãs reputam as afirmações de Bienenstock como imprecisas e duvidosas, já que “as provas de que a kaneh-bosem era um extrato da cannabis são rasas e sem fundamento”.
De acordo com informações do portal Último Segundo, os pesquisadores que se opõem às pesquisas de Bienenstock, como o professor de botânica da Old Dominion University, Lytton John Musselman, apontam a erva usada nos remédios caseiros da época como sendo a raiz conhecida como cálamo ou “bandeira doce”, por conter um histórico medicinal mais abrangente e “verídico”.
Bienenstock rebateu as críticas numa entrevista ao Daily Mail, afirmando que os óleos usados pela Igreja Católica em seu começo para ungir enfermos e idosos eram despejados diretamente na pele.
“A versão hebraica da receita do óleo sagrado continha quase três quilos de uma erva ainda não identificada, conhecida como keneh-bosem. Registros históricos mostram que a maconha era acessível na época, uma vez que sabiam como cultivá-la e explorar suas propriedades medicinais. Não há nada diferente entre o óleo de cannabis usado hoje e o utilizado no tempo de Jesus Cristo. A única diferença é que, atualmente, podemos analisar as coisas com uma fundamentação científica e medicinal e não considerar tudo como ‘um milagre’”, disse o historiador.
Chris Bennett, um pesquisador que desenvolve estudos sobre a maconha, comentou a discussão dizendo que, tanto a cannabis quanto o cálamo podiam ser usados pelos habitantes do Oriente Médio na época. Ele também pontuou que é preciso desmistificar o uso das propriedades da maconha como elemento medicinal.
“Pessoas ungidas com óleos sagrados estavam ‘imersas’ em ervas que não conheciam, e provavelmente o óleo de maconha fazia parte dessa mistura. Não se pode descartar o uso medicinal de cannabis durante o período de Jesus Cristo. Há registros arqueológicos que evidenciam isso”, concluiu.