A rede social Pinterest, dedicada ao compartilhamento de imagens conceituais e artísticas, está no centro de uma denúncia que a coloca no mesmo grupo de empresas que se opõem ao conservadorismo e, em última instância, perseguem o cristianismo.
O Project Veritas – uma iniciativa criada pelo ativista conservador James O’Keefe para investigar desvios e corrupção em empresas e no governo – recebeu e publicou documentos de uma pessoa que trabalha no Pinterest e mostram que no código fonte da rede social há uma censura às buscas por termos relacionados à Bíblia Sagrada.
Os documentos, que incluem código da rede social, mensagens e políticas internas, foram revelados por um informante do Veritas. “Os documentos que obtivemos levantam questões sobre se essas empresas de tecnologia realmente funcionam ou não como plataformas neutras, ao contrário das editoras com agendas editoriais”, comentou O’Keefe.
O Pinterest é uma empresa de capital aberto sediada em San Francisco que tem quase 300 milhões de usuários ativos por mês. No passado, o Project Veritas divulgou imagens secretas de funcionários do Twitter discutindo “shadow banning” (termo em inglês usado para se referir ao ato de bloquear os conteúdos de usuários parcial ou totalmente de maneira que o autor não perceba, mas que impeça de chegar à sua rede de contatos na rede social) e também publicou documentos vazados do Facebook que revelaram planos para atingir e rebaixar comentários conservadores.
“Fiquei bastante surpreso”, disse o informante do Pinterest em uma entrevista, quando descobriu que o grupo pró-vida LiveAction.org foi adicionado a uma “lista de bloqueio de domínio pornográfico”. O informante explicou que a “lista de bloqueio” foi criada para ser uma coleção de sites pornográficos que o Pinterest usa para garantir que pornografia não possa ser publicada.
O LiveAction.org não é um site pornográfico, mas sim um endereço na internet que abriga o proeminente grupo de oposição ao aborto. O informante explicou que os sites em uma “lista de bloqueio de domínio” não podem ser vinculados a postagens feitas por usuários. Durante a investigação, o Project Veritas tentou postar um link da LiveAction.org no Pinterest e não conseguiu, recebendo uma mensagem de erro que dizia: “Desculpe! Seu pedido não pode ser concluído”.
O Project Veritas revisou os sites presentes na “lista de bloqueio de domínio pornográfico” e pôde confirmar que junto com o LiveAction.org, sites como o zerohedge.com, pjmedia.com, teaparty.org e outros sites conservadores também foram listados. A maioria do documento lista páginas pornográficas.
Lila Rose, fundadora e presidente da organização pró-vida LiveAction, afirma que sua organização foi censurada no passado e acredita que entidades co-irmãs são alvo de injustiças nas empresas de mídia social: “O Pinterest diz que sua missão é ‘ajudar a capacitar as pessoas a descobrirem coisas que elas amam’, mas apesar do fato de que milhões de pessoas amam bebês e a causa pró-vida, elas estão secretamente censurando nossas mensagens de afirmação da vida. Os usuários do Pinterest merecem saber a verdade e nossas mensagens merecem ser tratadas de forma justa”.
Outro documento que o Project Veritas revisou tem um código em que se lê “mem add[ ‘liveaction.org’]”. O informante explicou que este código estava comprometido com a “lista de bloqueio de domínios pornográficos” em 13 de fevereiro de 2019, com a adição do LiveAction.org à lista de bloqueios. O código aparentemente foi escrito por Megan McClellan, que trabalha na equipe de confiança e segurança do Pinterest.
Em 29 de maio de 2019, Ginet Girmay, um funcionário Pinterest na equipe Confiança e Segurança da empresa, questionou a inclusão da LiveAction.org na “lista de bloqueio de domínios pornográficos”. Girmay diz: “Eu não acho que [LiveAction.org] deva ser removido” já que o Pinterest “não está removendo conteúdo pró-vida/pró-aborto atualmente”.
O Project Veritas também recebeu um grande arquivo de texto que o informante disse conter termos de pesquisa que o Pinterest considera “sensíveis” e que são modificados automaticamente nos resultados de pesquisa para que mostrem atribuições diferentes. Na lista, a busca “versículos bíblicos” aparece como “termos sensíveis” e tem os resultados modificados. De acordo com os documentos revelados, esse e outros termos são atribuídos a um valor “abusivo”, “sensível” e “inseguro à marca”.
Algumas das ações que podem ser tomadas em termos de pesquisa incluem: bloquear os resultados de preenchimento automático na barra de pesquisa, fornecer uma mensagem de aviso quando um termo for pesquisado, remover o termo dos feeds recomendados ou de tendências e bloquear notificações por email ou lembretes. Os resultados da pesquisa também são modificados com base nos valores aplicados aos termos.
O Project Veritas revisou a “Lista de Termos Sensíveis” e descobriu que termos relacionados ao cristianismo como “páscoa cristã” e “versos bíblicos” foram marcados como “inseguros”. O informante explicou que tais termos são removidos das recomendações na barra de pesquisa.
“Isso foi realmente em uma discussão tensa em que os formuladores de políticas estavam tomando decisões sobre o conteúdo”, disse o informante.
Outro documento que o Project Veritas recebeu foi uma captura de tela de um canal interno da ferramenta Slack no Pinterest, onde o Gerente de Impacto Social e Políticas Públicas Ifeoma Ozoma instruiu os colaboradores a monitorarem a plataforma e inserirem como conteúdo de “supremacia branca” publicações relacionadas a indivíduos como os conservadores Ben Shapiro e Candace Owens.
Três dias depois da mensagem de Ozoma, os termos “ben shapiro muslim” e “ben shapiro islam” foram adicionados à “Lista de Termos Sensíveis”.
O informante explicou ao Project Veritas que, além de remover o conteúdo que quer censurar, o Pinterest também “oculta” os materiais dos usuários em suas telas iniciais e nos resultados da pesquisa. Ele acrescentou que há também “remoção silenciosa”, o que significa que o conteúdo é removido, mas não há aviso para a conta que postou o material que foi removido.
Em um documento intitulado “A/C Privileged: Conspiracy Doc”, que o informante disse que lista várias teorias de conspiração que o Pinterest monitora, o Project Veritas notou a listagem de “David Daleiden/Planned Parenthood”. A descrição do item diz: “esconder a exposição da venda de restos fetais da Planned Parenthood”.
A fonte acredita que o registro se refere à investigação em vídeo encoberto conduzida por David Daleiden, que mostra executivos da Planned Parenthood discutindo a venda de tecido fetal para fins lucrativos. Esses vídeos secretos geraram várias investigações e ações legais em todo o país. O informante do Pinterest explicou que a empresa remove da plataforma o conteúdo de teoria da conspiração que eles consideram “prejudicial”.
Disse o informante: “Eu acho que quando as políticas públicas não combinam com o modo como as empresas de mídia social as implementam, as pessoas têm o direito de saber, as pessoas têm direito a essa transparência. E a coisa é que uma pessoa pode fazer toda a diferença… uma pessoa pode trazer transparência para a grande tecnologia”.
NEW: Tech Insider Blows Whistle on How Pinterest Listed Top Pro-Life Site as Porn, “Bible Verses” Censored #LifeCensored (See full story: https://t.co/mzMipyy02N) pic.twitter.com/scyNxBfJIV
— Project Veritas (@Project_Veritas) 11 de junho de 2019