A vida de Yousef Nadarkhani não é fácil, e suas adversidades têm sido narradas pela imprensa mundial há pelo menos nove anos, quando entrou na mira do governo iraniano por entregar sua vida a Jesus Cristo, abandonando o islamismo. Desde então, ele já foi preso algumas vezes, sofrendo condenações por supostamente conspirar contra a segurança do país.
Em maio, sua condenação a 10 anos de prisão foi mantida em um tribunal. Agora, a Justiça do país ordenou o início do cumprimento da sentença, e no último domingo, 22 de julho, policiais foram à sua casa prendê-lo e o espancaram na frente da esposa e dos filhos, na cidade de Rasht, norte do Irã.
Nadarkhani foi levado para a prisão de Evin, na capital Teerã, onde iniciou o cumprimento de sua sentença. Nos últimos dois meses, o pastor aguardava uma intimação para se apresentar, mas as autoridades do país optaram pelo uso da força desmedida, segundo informações da entidade World Watch Monitor (WWM).
A atitude de enviar a Polícia para prender o pastor foge ao que é comumente feito nos casos de condenações similares à do pastor, pois normalmente são emitidas intimações. Vestidos à paisana, os policiais foram à casa de Nadarkhani de madrugada, e foram atendidos por seu filho adolescente.
“Os oficiais perguntaram onde estava o pastor. Quando Danial (filho do pastor) quis ligar para o pai, os policiais o atacaram com uma arma de eletrochoque e deixaram ele paralisado”, explicou Kiaa Aalipour, da WWM, organização sediada em Londres.
“Quando o pastor chegou, eles também o atacaram com uma arma de eletrochoque. Nadarkhani foi espancado pelos policiais, apesar do fato de que nem ele, nem seu filho, mostraram qualquer resistência”, acrescentou Aalipour.
A entidade Christian Solidary Worldwide (CSW) também se manifestou sobre o assunto através de seu chefe operacional, Scot Bower, que condenou a “força excessiva usada pelas autoridades iranianas e particularmente a violência injustificada contra seu filho”.
Já na prisão de Evin, Nadarkhani ligou para sua família no dia seguinte, 23 de julho, informando que estava sendo mantido em quarentena na enfermaria, com condições anti-higiênicas. Segundo Aalipour, “as autoridades geralmente mantêm prisioneiros nesta ala para fins de castigo”.
Condenações
Antes de ser preso pela atual condenação, Nadarkhani já havia passado três anos preso, entre 2009 e 2012, na penitenciária de Lakan, em Rasht, cidade onde vive com a família. Na época, ele foi acusado por apostasia e foi sentenciado à pena de morte, mas terminou absolvido.
Em maio de 2016, Nadarkhani foi preso junto com sua esposa, Tina, e membros da igreja doméstica que ele dirige, sob argumentação de que uma investigação sobre eles estava em andamento. Na ocasião, a Polícia confiscou Bíblias, computadores e aparelhos de telefone celular.
Em julho do ano passado a investigação iniciada mais de um ano antes terminou em condenação do pastor Nadarkhani e os membros da igreja Yasser Mossayebzadeh, Saheb Fadaie e Mohammad Reza Omidi — que ainda aguardam sua intimação. Eles foram sentenciados a 10 anos de prisão por “agir contra a segurança nacional” ao “promover o cristianismo” e administrar “igrejas domésticas”
Normalmente, a pena máxima para crimes contra a segurança nacional é de seis anos de prisão. Eles recorreram de suas sentenças perante o Tribunal Revolucionário no dia 14 de dezembro do ano passado, mas não tiveram êxito. Em particular, Nadarkhani e Omidi também foram condenados a dois anos de exílio interno, e serão mantidos longe de suas famílias por dois anos, cumprindo a sentença no sul do país.