Um dos teólogos mais renomados na atualidade fez questão de ressaltar algo que muitos parecem ter esquecido, que é a supremacia da doutrina bíblica em relação às ideologias humanas. Tim Keller falou sobre o perigo de transformar determinado posicionamento político, por exemplo, em uma forma velada de “idolatria”.
“Os grupos demonizam e zombam de outros grupos. Cada região do país, cada partido político encontra razões para desprezar os outros. Os cristãos de hoje estão sendo sugados para dentro deste redemoinho tanto quanto qualquer outra pessoa”, disse o pastor, líder da Igreja Presbiteriana do Redentor, em Nova York (EUA).
Keller citou o exemplo de Jonas, que segundo a Bíblia tentou resistir ao chamado do Senhor por não ver amor na população de Nínive. “O livro de Jonas é um exemplo. Deus pergunta, como podemos olhar para alguém – mesmo aqueles com crenças e práticas profundamente opostas – sem compaixão?”, questiona o pastor.
Tim Keller lembrou que quando nossos interesses pessoais se tornam mais importantes do que o amor ao próximo, muitas vezes motivados por ideologias políticas, deixamos de servir a Deus para servir a nós mesmos. Às palavras do autor faz eco ao que outro teólogo, o brasileiro Franklin Ferreira, defende em sua obra “Contra a Idolatria do Estado“.
“Embora o amor ao país e ao seu povo seja uma coisa boa, como qualquer outro amor, pode se tornar descontrolado”, disse Keller. “Se o amor pelos interesses de seu país o leva a explorar pessoas ou, neste caso, torcer por uma turma inteira de pessoas que estejam espiritualmente perdidas, então você ama mais a sua nação do que a Deus”.
Para Keller, qualquer visão que despreza a vontade de Deus através do ensino bíblico, sobre a conduta humana, pode se tornar uma “idolatria por qualquer definição”. O desafio, portanto, é conseguir interpretar a realidade social sob a perspectiva do Evangelho, o qual supera às divisões humanas.
“Por exemplo, seguindo tanto a Bíblia quanto a Igreja primitiva, os cristãos devem estar comprometidos com a justiça racial e os pobres, mas também com a compreensão de que o sexo é apenas para o casamento e para o sustento da família”, lembra o pastor.
“Uma dessas visões parece liberal e a outra parece conservadora. As posições cristãs históricas sobre questões sociais não se encaixam nos alinhamentos políticos contemporâneos”, conclui Keller.
Por fim, o pastor enfatiza qual deve ser a nossa verdadeira identidade, pela qual devemos orientar todas as nossas ações. “Podemos começar a nos dividir politicamente em vez de lembrar que você é cristão, branco, negro, asiático, hispânico. Você é primeiramente cristão”, disse ele, segundo o Christian Post.