O país mais progressista das Américas continua produzindo casos de intolerância à divergência contra a agenda LGBT. O caso mais recente é o de uma professora que foi afastada de sua função por expressar preocupações sobre a presença de livros com conteúdos trans nas escolas.
A professora Carolyn Burjoski foi acusada de usar linguagem “transfóbica” ao expressar suas preocupações durante uma reunião do conselho de professores. Ela considera que os livros de conteúdo trans podem causar confusão aos alunos.
Os materiais questionados pela professora celebram a transição médica de gênero, e Carolyn Burjoski se posicionou contra isso, afirmando que poderiam induzir crianças e adolescentes a compreensões equivocadas.
Diante do seu afastamento, a professora afirmou que está se sentindo “intimidada, caluniada e abusada” por argumentar que alguns livros eram impróprios para crianças.
O presidente do Conselho Escolar do distrito de Waterloo, em Ontário (Canadá), Scott Piatkowski, interrompeu a fala de Carolyn depois que ela disse que as bibliotecas escolares têm livros que fazem a transição médica parecer “simples” e “legal”, e estão disponíveis para alunos do jardim de infância até a sexta série.
De acordo com informações do portal The Christian Post, a proposta de afastamento da professora foi aprovada pelo Conselho – que supervisiona mais de 100 escolas no condado – por 5 votos a 4.
Nas redes sociais, a professora Carolyn disse que foi informada na manhã seguinte pelos recursos humanos que ela foi “imediatamente designada para casa, aguardando uma investigação formal e proibida de entrar em contato com meus colegas e alunos”.
“Isso foi particularmente perturbador para mim porque eu amo meus alunos e não os vejo desde dezembro. Quando meus alunos voltaram entusiasmados para a escola na terça-feira – o primeiro dia de aprendizado em sala de aula após mais um lockdown – a professora não estava lá e eles não sabiam por quê. Fui silenciada e punida”, desabafou.
A crítica
Durante sua fala na reunião, a professora começou a ler o livro Rick, de Alex Gina, no qual o protagonista descobre que é assexuado: “Enquanto lia este livro, eu estava pensando: ‘Talvez Rick ainda não tenha sentimentos sexuais porque ele é uma criança’”, disse a na reunião.
“Me preocupa que isso deixe os garotos se perguntando se há algo de errado com eles se não estiverem pensando em garotas nuas o tempo todo. Que mensagem isso passa para as meninas da 3ª ou 4ª série? Eles são crianças. Deixe-os crescer em seu próprio tempo e pare de pressioná-los a serem sexuais tão cedo”, criticou Carolyn.
A postura da professora incomodou o presidente do conselho e outros colegas, mas ela nega que seja transfobia: “É uma loucura que só porque você faz uma pergunta, a primeira coisa que as pessoas fazem é te chamar assim”, disse ela em entrevista à imprensa.
No vídeo publicado no Twitter, Carolyn Burjoski disse que “os membros do conselho foram ao rádio, à televisão e às mídias sociais para deturpar grosseiramente minhas observações”.
“O conselho escolar removeu o vídeo da reunião de seu canal no YouTube, para que as pessoas não possam ouvir o que eu realmente disse. A maior parte do vídeo sou eu lendo trechos de dois livros disponíveis para qualquer criança que saiba ler”, apontou.
A professora enfatizou que “meus poucos comentários expressaram preocupação com conteúdo sexual impróprio para a idade”, e acrescentou: “Eu não questionei e não questiono os direitos das pessoas trans existirem de forma alguma. Eu apoio totalmente os direitos humanos das pessoas trans”.
“A cultura do cancelamento precisa parar”, disse. “Precisamos recuperar nossa capacidade de ouvir uns aos outros e falar uns com os outros com a mente aberta. O diálogo respeitoso é o cerne da democracia”.
Em resposta, ela não está parada, buscando opiniões que a ajudem a levar suas preocupações adiante: “Estou ouvindo de presidentes de conselhos escolares e outros conselhos que eles também não permitiriam isso. Estou ouvindo de presidentes anteriores deste conselho”.
My response to the events that transpired this week regarding my presentation to the school board. You can read more about the story here:https://t.co/VdLwhejXGZ#WRDSB #wrdsbmtg pic.twitter.com/Y5cX3684zX
— Carolyn Burjoski (@carolynburjoski) January 21, 2022