O partido de extrema esquerda PSOL fez ataques abertos a Israel na última Parada Gay em São Paulo, realizada no último domingo, 03 de junho. Em resposta, a Federação Israelita do Estado de São Paulo emitiu uma nota de repúdio ao partido.
No Oriente Médio, Israel é o único país com democracia funcional, e suas leis protegem a liberdade de culto a judeus, cristãos e muçulmanos. Parte da população israelense é formada por árabes nascidos como cidadãos do país, e diferentemente do Egito – que trata os cristãos egípcios com diferenças nas leis – todos são iguais.
O contexto da sociedade israelense é muito próximo do padrão ocidental, com respeito às individualidades. O governo do país é o único do Oriente Médio a adotar leis que protegem as mulheres e que tratam como iguais as minorias, como os grupos LGBT.
No evento do último domingo, um DJ israelense foi convidado para tocar em um dos trios da Parada Gay, e o consulado israelense em São Paulo marcou presença para apreciar a apresentação do artista.
No entanto, para o PSOL, a simples presença dos representantes israelenses virou motivo de ativismo político e expressão de antissemitismo. O partido de extrema esquerda disse ser “inadmissível um evento que diz celebrar o amor, a igualdade e a diversidade aceite o apoio e a presença de um estado racista que vem invadindo as terras e massacrando todo um povo há 70 anos”.
As acusações feitas pelo PSOL não passaram impunes, e a Federação Israelita do Estado de São Paulo respondeu à altura: “Lamentável em um evento onde se prega a diversidade e o respeito à livre manifestação, se pretenda excluir a única democracia do Oriente Médio que aceita e respeita os grupos LGBT”, pontuou a nota de repúdio.
“Os mesmos que protestam contra a participação do Estado de Israel defendem países que, não apenas proíbem qualquer manifestação LGBT, como torturam e condenam à morte seus adeptos e simpatizantes”, acrescentou o texto, fazendo referência às nações muçulmanas que tratam como crime a homossexualidade e punem a prática com pena de morte, mas ainda assim contam com a simpatia do PSOL por conta de pontos ideológicos em comum.
Rusgas
Esse não é o primeiro entrevero entre o PSOL e israelenses. Em maio, o presidente da Confederação Israelita do Brasil (Conib), Fernando Lottenberg, criticou as afirmações do partido sobre os confrontos protagonizados por terroristas palestinos em abril.
Lottenberg concedeu entrevista ao jornal Folha de São Paulo e afirmou que a acusação feita pelo PSOL a Israel, de ser um Estado “genocida”, é “injusta e equivocada” por desconsiderar qualquer coisa que fuja aos interesses da extrema esquerda, como a soberania do país, por exemplo.
“Além de profundamente injusta e equivocada, é uma expressão contemporânea do antissemitismo”, acrescentou Lottenberg, expressando como a comunidade judaica vê os ataques feitos pelo PSOL ao país.
Antissemitismo é a definição da aversão aos judeus, ou ainda a corrente política adversa aos judeus. Esse sentimento foi o principal combustível do nazismo e atualmente voltou a crescer entre opositores a Israel que pregam a criação do Estado da Palestina, como o PSOL e o Irã, por exemplo, e a entrega aos árabes de territórios conquistados pelo país.
“O antissemitismo se transforma com o tempo como um vírus mutante. Hoje pega nos direitos de expressão, de poder ser um povo como qualquer outro, aí vem o antissemitismo como antissionismo. Não é mais politicamente correto ser antissemita. Então, você vê em manifestações aquilo que vinha do antissemitismo tradicional, mas com uma roupagem, aspas, progressista”, analisou Lottenberg.