O grupo Revoltados Online, um dos principais promotores dos protestos do último dia 15 de março, e também do próximo domingo, 12 de abril, é liderado por cristãos e tem como regra não permitir que ateus ou adeptos de outras religiões integrem a diretoria do grupo.
O criador do grupo, Marcello Reis, diz que para ser um coordenador do Revoltados Online, é preciso ser a favor da queda de Dilma Rousseff (PT), não ser filiado a nenhum partido político, e, principalmente ser cristão: “Com Deus na nossa frente somos imbatíveis”.
A página do grupo no Facebook conta com mais de 800 mil curtidas, o que o torna o mais popular nas redes sociais. As outras agremiações do tipo, Vem Pra Rua e Movimento Brasil Livre não fazem exigências semelhantes, de acordo com informações do iG.
“Nunca vou colocar um ateu dentro do Revoltados Online. Afinal, por que eu daria uma função importante para uma pessoa que não acredita no que acredito? Pregamos o lema ‘juntos, somos mais fortes, e com Deus na nossa frente, somos imbatíveis. E é assim que agimos”, diz Reis.
O grupo foi fundado em 2004 na região central de São Paulo, e desde então, a regra se mantém: “Não estamos preocupados se o budista ou seguidores de outras religiões que estarão no protesto rezarão o ‘Pai Nosso’. Ninguém é obrigado a seguir nossa fé. Mas nós servimos a Deus e se a pessoa que está lá não o segue não sei o que ela está fazendo no nosso protesto”, afirma o líder do movimento.
Marcello Reis destaca que o espaço não é usado para fazer proselitismo religioso, e revela que não há restrições em relação às denominações seguidas pelos integrantes do Revoltados Online: “Aceitamos todos os cristãos: católicos, evangélicos, espíritas. Deus é um só. Eu mesmo não sou religioso. Fico até preocupado com os títulos de cada vertente, que chegam a parecer partidos políticos. Mas acredito que, se você servir a Deus, seguir a Deus, amar a Deus, você se vira com Deus. Não acho que se eu for a uma igreja ‘x’ serei mais abençoado do que na ‘y’. Se eu mantiver o caráter e os passos limpos, dobrando o meu joelho e praticando minha fé, dormirei tranquilo”, pontua.
A questão da homossexualidade não é ignorada pelo grupo. Reis afirma que não tem nada contra gays e lésbicas, “mas, sim, contra as instituições que querem implantar nas nossas crianças o estilo de vida que elas têm”, e relembra o caso do “kit-gay”: “Não compactuo com isso. O governo não tem de se meter na educação das famílias. Quem educa é pai e mãe e, a partir do momento em que governantes começam a interferir na educação dos lares, já podemos dizer que estamos em uma ditadura comunista”, concluiu.