O comentarista político Rodrigo Constantino publicou vídeo em que chama atenção para um efeito colateral do confinamento decretado por governantes: o desgaste entre familiares. Recapitulando casos em países sob ditaduras, lembrou que a destruição da família serve a um propósito maior e mais obscuro.
Em seu argumento, Constantino contextualiza seu raciocínio lembrando a importância da família, seu valor intrínseco para a sociedade e o motivo pelo qual movimentos políticos que formam o espectro ideológico de esquerda sempre atuam de forma a relativizar e enfraquecer essa célula.
“O núcleo familiar é a essência da sociedade, o pilar da civilização. É na família que nós somos educados, civilizados, conhecemos o amor, o respeito, os limites. Daí a crueldade ímpar e indizível de quando os próprios pais são os algozes dos filhos, ou quando esses se tornam inimigos ou até assassinos dos próprios criadores. Felizmente, essas situações são bem raras”, disse ele.
“Proteger as crianças é uma obrigação do Estado, mas isso quer dizer garantir o básico e impedir abusos que atinjam a dignidade humana do indivíduo. Não é o Estado ser educador das crianças no lugar dos pais. Porém, esse é o anseio de todo totalitário: substituir o papel dos pais pelo Estado. Usar o Estado para controlar cada indivíduo”, denunciou Constantino.
Pandemia e autoritarismo
“Todo regime coletivista, comunista, tentou fazer exatamente isso”, resgatou o comentarista político, referindo-se ao enfraquecimento da família: “Até as refeições deveriam ser comunitárias, para acabar com o convívio da família nesse momento crucial de conversas e trocas”.
A argumentação de Rodrigo Constantino encontra base em relatos feitos, por exemplo, por cristãos norte-coreanos a missionários da Portas Abertas. Em 2019, a entidade publicou um relatório em que detalhava a dificuldade dos fiéis a Jesus para ler a Bíblia Sagrada, com medo que vizinhos ou os próprios filhos os denunciassem ao regime comunista que governa o país.
Na ocasião, a Portas Abertas destacou que a leitura da Bíblia na Coreia do Norte é passível de punições severas, podendo chegar à pena de morte. Um dos informantes da entidade missionária contou que os cristãos locais enterram seus exemplares da Bíblia para não serem pegos em posse do livro sagrado, e só se arriscam a falar do Evangelho aos filhos quando estes completam 16 anos, por temerem que, ingenuamente, eles os denunciem ao regime comunista.
“As cortinas são puxadas e, muito, muito suavemente, você lê a Bíblia para sua esposa e seu filho de 16 anos, que acabou de ouvir do Evangelho pela primeira vez vindo de você. Agora ele tem idade e sabedoria para não entregar acidentalmente a família. Claro, ele não entendeu o Evangelho a princípio, mas você o está ensinando. Você ora há anos para que ele esteja pronto”, disse o informante da Missão Portas Abertas.
O alerta de Rodrigo Constantino sobre esse risco, impensável há alguns anos no contexto brasileiro, traz outros elementos: “[Karl] Marx e [Friedrich] Engels chegaram a pregar abertamente contra a família, que eles enxergavam como autoritárias e obstáculo ao comunismo. A Escola de Frankfurt foi pelo mesmo caminho depois. A esquerda autoritária odeia o conceito de família tradicional, ‘burguesa’”, conceituou.
Exemplos no Brasil
Constantino falou em sua reflexão sobre um efeito colateral desse cenário, que termina por desestabilizar as relações mais íntimas: “É da família que saem os valores da liberdade individual, e daí, se constrói o tecido social. Para se viver numa sociedade de confiança, torna-se essencial ter famílias saudáveis, em vez de famílias disfuncionais. Quem quer substituir a família pelo Estado, precisa, portanto, enfraquecer os laços da família e, com isso, produzir desconfiança geral, esgarçando esse tecido social até produzir o caos”.
Um caso de agressão entre mãe e filha, recentemente, é um sintoma da paranoia que se instalou no subconsciente das pessoas como resultado da maciça difusão, através dos veículos de informação, do slogan “fique em casa”, sem resultados positivos na contenção da covid-19.
A mãe, 67 anos, se arrumou para ir a um culto, e quando ia sair de casa, usando máscara para se proteger do contágio, foi agredida pela filha, 48: “Nesse dia, ela havia bebido muito e a mãe se arrumou com máscara e tudo e falou que ia para a igreja. A filha disse que ela não ia e passou a segurar e a chacoalhar a mãe com força”, descreveu a delegada Sueli Araújo Lima Rocha, responsável pelo caso.
A Polícia Militar, acionada pela vítima, constatou que a mãe havia sido arranhada com unhas pela filha, deixando-a com cortes e sangramento. Levadas à Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher (DEAM), foram ouvidas pela delegada Sueli, que prendeu a filha em flagrante por violência doméstica dolosa.
“Nada disso é tese conspiratória, mas sim, projetos bem declarados de revolucionários e experimentos que produziram terror e caos no passado”, explicou o comentarista político. “Para jogar uns contra os outros na sociedade, o ponto de largada será a família”, reiterou.
“Não foi por outro motivo que o genocida Mao Tsé-Tung [revolucionário comunista chinês] usou crianças na sua revolução cultural, formando um exército de pirralhos dispostos a matar os membros de suas próprias famílias por serem ‘contrarrevolucionários’”, disse ele, resgatando elementos históricos pouco difundidos nas aulas sobre o tema nas escolas brasileiras.
O livro Mao: a História Desconhecida, de Jung Chang e Jon Halliday, resume o motivo da atribuição de genocídio ao ditador comunista chinês: “Mao Tse-tung, que durante décadas deteve poder absoluto sobre a vida de um quarto da população mundial, foi responsável por bem mais de 70 milhões de mortes em tempos de paz, mais do que qualquer outro líder do século 20”, diz um trecho da obra, conforme informações da Folha de S. Paulo.
Os exemplos não acabam por aí, pontuou Constantino: “Em Cuba, Fidel Castro incentivou que filhos denunciassem seus pais também. E vizinhos que entregassem seus ‘vizinhos perigosos’ ao sistema poderiam receber recompensas. Foi o mesmo no nacional-socialismo [nazismo] e em todo modelo totalitário”.
O cerne da questão
“Essa pandemia está servindo para que mentes totalitárias saiam do armário e avancem contra o núcleo familiar. Um vídeo produzido pelo governo estadual de São Paulo mostrou uma jovem num bar com alguns poucos amigos, infectando depois o seu pai, de covid, o que o leva para a UTI. Uma campanha de persuasão dos perigos de contágio, tudo bem. Mas, isso, já é terrorismo psicológico, tentando incutir culpa nos filhos, gerando intrigas dentro da família”, opinou Rodrigo Constantino.
Em sua conclusão, o comentarista avalia que os indutores do terror psicológico “só vão relaxar um pouco quando irmão denunciar irmão, filho entregar pai e vice-versa”: “Já estamos num ambiente em que vizinhos se consideram cruzados pela vida ao denunciar um churrasco na casa de outro vizinho, o que é assustador. Agora, estão tentando ir mais longe, colocar membros da mesma família em confronto”, protestou.
“A pandemia é grave, sim, ceifa vidas. Espalha o medo. Mas o seu custo não pode ser medido somente numa contagem mórbida de cadáveres. Nossas liberdades mais básicas estão ameaçadas. Nossos valores mais caros estão em risco. Não resta dúvidas que os totalitários viram, na crise da pandemia, uma oportunidade para instaurar regimes controladores e opressores. E eles sempre começam com a destruição das famílias”, concluiu Rodrigo Constantino.