No esforço de aprovar o polêmico PL das fake news (Projeto de Lei 2630/2020), também apelidado de PL da Censura pelos críticos, o governo Lula contou com o apoio de lideranças religiosas para discursar em favor da medida, entre elas o pastor Ricardo Gondim, que já fez declarações em desprezo à comunidade evangélica que preza pela doutrina bíblica.
Gondim e outros nomes do mundo religioso, como o pastor esquerdista Henrique Vieira (PSOL-RJ), estiveram na Câmara dos Deputados na terça-feira (2) para defender o PL, o qual acabou sendo retirado da pauta de votação, após os governistas perceberem que seriam derrotados pela oposição.
Em sua fala, o pastor da Igreja Betesda em São Paulo disse que “as plataformas não vão ser um campo selvagem, que ninguém sabe o que está acontecendo. Nós apoiamos este projeto de lei”. Ele acrescentou: “Segmentos religiosos desse país estão preocupados, sim, se por acaso outros grupos querendo representar os religiosos quiserem ter a palavra hegemônica”.
Por meio das redes sociais, líderes evangélicos criticaram a forma como a imprensa repercutiu o discurso de Gondim e outros pares, apontando que eles não representam mais a grande maioria dos protestantes brasileiros, tendo em vista os posicionamentos que contrariam a Bíblia, como a defesa do direito ao aborto e da agenda LGBT+.
O pastor e escritor Yago Martins, por exemplo, reagiu: “’Líderes evangélicos’, e os caras me aparecem com Ricardo Gondim e Henrique Vieira, dois excomungados dos círculos evangélicos, que absolutamente ninguém considera. Quanta bobagem”.
Derrota momentânea
Apesar do esforço do governo e da reação do Judiciário contra empresas de tecnologia como o Google, que também se posicionaram contra o PL da Censura, a medida acabou saindo da pauta de votação.
Na prática, significa o adiamento da votação, dando mais tempo para que o projeto seja debatido. Para a oposição, isto foi uma derrota momentânea para o governo Lula, já que a retirada da pauta refletiu a falta de apoio da maioria na Câmara para que a proposta fosse aprovada.
Crítico do PL, o pastor e escritor Geremias Couto alertou sobre a necessidade de vigilância quanto à futura votação do projeto:
“PL da censura retirado de pauta não significa vitória, embora a pressão popular e das big techs tenham contribuído para a retirada. Foi um recuo estratégico. Continuarão a cooptar parlamentares para tentar aprová-lo mais adiante. Esmorecer é uma palavra proibida. Temos de continuar a pressão”.