Um treinamento de pastores organizado pela Missão Portas Abertas no Congo foi interrompido por um ataque a tiros na vizinhança do local onde o curso com foco em discipulado era ministrado.
O atentado ocorreu no estado de Kivu do Norte, na República Democrática do Congo (RDC), segundo informações da assessoria de imprensa da entidade missionária.
O treinamento de pastores contava com 65 pessoas, incluindo líderes de igrejas e membros, e apesar do foco em discipulado, os organizadores haviam incluído um módulo sobre perseguição religiosa, chamado “Permanecendo Firmes Através da Tempestade”, por considerarem que os cristãos da região não estavam preparados para uma circunstância como essa.
“O ensino que recebemos aqui fortaleceu nossa confiança em Deus, nosso criador, em todas as circunstâncias”, comentou um pastor identificado apenas como Kambale, em depoimento à Portas Abertas, após o ataque.
A decisão de incluir um módulo sobre perseguição religiosa foi motivada pela crescente ação de grupos extremistas muçulmanos à comunidade. Um desses grupos se autodenomina Forças Democráticas Aliadas, conhecido por assassinatos cruéis e pela criação de áreas de exceção no território de Kivu do Norte e também do estado de Ituri, no leste do Congo.
A Portas Abertas informou que os cristãos são os mais impactados pelos ataques, com muitos tendo suas propriedades confiscadas e, em casos mais extremos, sendo mortos.
“A igreja está traumatizada com os recorrentes assassinatos que testemunhou. A insegurança é intensa nas áreas isoladas, ao redor da floresta, onde ficam as fazendas.
Famílias foram deslocadas e as igrejas têm mais viúvas e órfãos do que conseguem auxiliar; e sem poder cuidar das plantações, a fome tem aumentado. A criminalidade e a prostituição aumentaram, um ciclo difícil de ser quebrado”, diz o comunicado.
Pastores no país afirmam que além das necessidades físicas, há uma grande necessidade espiritual, já que muitos fiéis enfrentam traumas causados pela perseguição religiosa.
“A Portas Abertas tem investido em discipulado e treinamentos para a perseguição e também em cuidados emergenciais”, acrescenta o comunicado da entidade.
O pastor Kambale considera que Deus mostrou sua fidelidade através das circunstâncias:“O ensino veio na hora certa, quando nossa região começou a viver o caos por causa dos ataques. Nós vemos o treinamento como uma provisão enviada por Deus para nos preparar. Essas situações certamente se repetirão, mas é essencial confiar no Senhor que promete que nunca nos abandonar ou esquecer de nós, mesmo nas aflições”
“Mesmo nos momentos difíceis, nosso Deus, o Altíssimo, está conosco e nos alegramos n’Ele. Nós também temos sido encorajados a passar mais tempo com o Senhor. Recebemos uma mensagem dos parceiros da Portas Abertas que nos deu consolo e esperança. Louvamos o Senhor pelo treinamento porque precisávamos disso. Obrigado por sua ajuda que sustenta esse projeto, nós confiamos no Senhor que vocês continuarão lembrando de nós”, concluiu.