O estilo Donald Trump de política internacional é pressão. Após agir de forma contundente contra a Coreia do Norte e conseguir a reaproximação do país com a Coreia do Sul e o compromisso de interrupção dos programas nucleares na região, o presidente norte-americano agora volta suas baterias para o presidente da Nigéria, Muhammadu Buhari, após uma série de ataques de perseguição religiosa feitos por extremistas muçulmanos a cristãos.
A maioria dos radicais da etnia fulani são pastores de rebanhos que percorrem áreas extensas em busca de pasto e água. Esse grupo de muçulmanos vem protagonizando dias de terror na Nigéria, com ataques maciços e coordenados em diferentes aldeias de cristãos, muitos deles agricultores, o que demonstra um certo conflito de interesses.
Segundo informações do portal The Christian Post, as tensões ocorrem há muitos anos, mas agora os nômades fulani estão armados com fuzis de assalto AK47, levantando a suspeita de que estejam sendo municiados por terroristas islâmicos de grupos como o Boko Haram, por exemplo. Sem perceber, os pastores fulani estariam desempenhando o papel de peões no complexo tabuleiro da região.
Em uma reunião com Muhammadu Buhari na última segunda-feira, 30 de abril, Donald Trump fez críticas diretas ao presidente nigeriano por não agir de forma mais eficaz para conter a violência.
Numa entrevista coletiva de imprensa conjunta entre os dois presidentes, Trump foi enfático: “Estamos profundamente preocupados com a violência religiosa na Nigéria, incluindo a queima de igrejas e a matança e perseguição de cristãos. É uma história horrível”.
“Encorajamos a Nigéria e os líderes estaduais locais e federais a fazerem tudo o que estiver ao seu alcance para proteger imediatamente as comunidades afetadas e proteger civis inocentes de todas as religiões, incluindo muçulmanos e inclusive cristãos”, acrescentou Trump.
Os ataques dos fulani vêm tirando mais vidas do que os insurgentes mais conhecidos do Boko Haram no nordeste do país. Centenas de cristãos morreram este ano, incluindo dois ataques na semana passada, que custaram 19 e 39 vidas, respectivamente.
A Câmara dos Representantes da Nigéria convocou Buhari para comparecer e prestar contas dos assassinatos. Também aprovou um voto de desconfiança nos chefes das Forças Armadas do país e nos assessores de segurança do presidente, e suspendeu suas sessões por três dias.
Os líderes da Igreja condenaram o fracasso do governo em lidar com a situação, já que sua plataforma de campanha era a promessa de acabar com o extremismo religioso. Um comunicado da Conferência dos Bispos Católicos da Nigéria intitulado “Quando terminará esta barbárie?” foi divulgado após os assassinatos de dois padres e seus paroquianos, apontando que os cristãos se sentem “totalmente expostos e mais vulneráveis”.
O documento afirma ainda que os bispos repetidamente levantaram a questão da segurança e se sentiram “violados e traídos” com a falta de ação de Buhari, que é muçulmano. Ao final do comunicado, os líderes cristãos católicos pediram a renúncia do presidente.
“Se esta falha é devido à incapacidade de realizar ou falta de vontade política, é hora de ele escolher a parte da honra e considerar o afastamento para salvar a nação do colapso total”, sugeriram os bispos, que incentivaram os nigerianos a se prepararem para autodefesa.
A Igreja Metodista da Nigéria pediu a Buhari para declarar os pastores fulani armados como terroristas, dizendo que eles “se graduaram trocando arcos e flechas por armas sofisticadas, incluindo fuzis de assalto AK-47 que eles mobilizam contra as comunidades em todo o país”.
Protestos de milhares de cristãos ocorreram em todo o país no domingo, liderados pela Associação Cristã da Nigéria (CAN). No estado de Ondo, o reverendo John Ayo Oladapo disse que o protesto era necessário por causa da morte de cristãos inocentes.
“Estamos aqui hoje para registrar nosso descontentamento com os assassinatos em curso em todo o país. Queremos dizer que os cristãos no país não são cidadãos de segunda classe. Não vamos permitir essas mortes”, disse ele em entrevista à revista Vanguard.
O Dr. Supo Ayokunle, protestando na Igreja Batista de Oritamefa, Ibadan, disse: “Desde 2009 o derramamento de sangue continua, com governos após governos, administrações após administrações prometendo não temer e manter nossas atividades [religiosas], que estão no centro da situação. Mas vimos que eles nunca estão em cima disso”, criticou o líder evangélico.
Buhari, de 75 anos, tem problemas de saúde, mas anunciou que vai se candidatar à reeleição. Analistas políticos acreditam que o nível de violência que vem sendo registrado no país impacte seu desempenho nas urnas.
Igreja Perseguida
Ore pelos irmãos da Igreja Perseguida ao redor do mundo. Centenas de milhões sofrem, diariamente, as dores de seguir a Jesus Cristo e anunciar o Evangelho nos países onde são minoria. A Missão Portas Abertas, dentre outras entidades, se dedica a oferecer suporte material e intelectual a esses fiéis, através do envio de missionários. No entanto, o apoio em oração é imprescindível para que eles permaneçam firmes.
A Coreia do Norte é o exemplo mais grave dessa perseguição. O país se tornou ao longo das últimas décadas um dos mais fechados do mundo, com a dinastia Kim, que rege o país desde 1948, sendo responsável por liderar o país na guerra contra a Coreia do Sul entre 1950 e 1953. Os líderes da família governam com pulso firme e consideram qualquer religião que não seja o culto aos descendentes do “eterno líder”, Kim Il-sung, prejudicial ao Estado.
Como vivem isolados, os cristãos norte-coreanos ficam surpresos quando tomam conhecimento que há orações por eles de irmãos na fé de todas as partes do mundo. “Acabamos de descobrir que Deus mobilizou cristãos fora deste país para orar por nós e nos ajudar financeiramente. Estamos surpresos que Deus nos ame tanto”, disse um cristão da Coreia do Norte, segundo a Portas Abertas.
O recente entendimento entre as duas Coreias é um avanço na luta por paz, mas as orações dos cristãos pela Igreja Perseguida no país do Norte não devem cessar, assim como nos países árabes, africanos e na Índia, dentre outros.