O crescimento dos evangélicos no Brasil é significativo e o envolvimento na política é crescente. Por essas e outras razões, o ministro da Indústria e Comércio Marcos Pereira, presidente nacional do PRB, disse acreditar que os evangélicos brasileiros elegerão um presidente da República.
Pereira é bispo licenciado da Igreja Universal do Reino de Deus, assim como o senador Marcelo Crivella, que acaba de ser eleito prefeito do Rio de Janeiro. No Twitter, Pereira desabafou sobre o preconceito que existe contra esse segmento da sociedade: “Ao longo dos anos, Crivella e os evangélicos, especialmente os da Igreja Universal, têm sofrido todo tipo de preconceito”, afirmou.
Em uma entrevista à revista Época, Marcos Pereira disse que o impeachment de Dilma Rousseff (PT) com apoio popular, as eleições municipais de 2016 – com forte vitória de partidos com propostas mais conservadoras – e, em especial, a vitória de Crivella no Rio, mostram que o povo cansou da ideologia que os partidos de esquerda representam.
“O Brasil foi governado por 13 anos por um partido considerado de esquerda, com ideias mais liberais, e a sociedade verificou que não deu certo. Então, vamos agora dar uma guinada”, afirmou Pereira.
Definindo a sociedade brasileira como “religiosa, em grande maioria cristã”, o ministro afirmou que é provável que o Brasil viva um período de resgate de tradições: “Os valores cristãos são conservadores, não tem jeito. Quando algum desses temas chega à Câmara, há uma Frente Parlamentar da Família, com evangélicos e católicos, de quase 200 deputados, que é um espelho da sociedade”, analisou, mostrando que existe movimentação política para combater as ameaças à liberdade religiosa e de pensamento.
O PRB experimentou um crescimento superior a 30% nas últimas eleições, em relação às prefeituras que administrava: passará das atuais 80 para 105. Uma grande parte desses eleitos são pessoas ligadas à Universal, embora existam também políticos independentes, como no caso do deputado federal Celso Russomano, que disputou a prefeitura de São Paulo e foi derrotado no primeiro turno.
Assim como Crivella, o ministro acredita que “um dia, um evangélico será presidente do Brasil”, e isso acontecerá em decorrência do desenrolar natural das coisas, a seu ver: “O Brasil elegeu um ateu [referência a Fernando Henrique Cardoso], católicos, uma mulher. É da democracia. Não é que os evangélicos vão eleger um presidente da República, é diferente. Eu não tenho dúvida de que um dia um evangélico será eleito presidente da República. E ele, seja quem for, vai ser eleito pelos evangélicos, pelos católicos, pelos macumbeiros, pelos ateus. Você acha que em 1,7 milhão de votos do Crivella só tem evangélicos? De jeito nenhum!”, assegurou.
Quando isso acontecer, segundo Pereira, não será decorrência de mobilização religiosa: “Não se trata da religião. Trata-se de valores. A sociedade brasileira não aprova essas discussões consideradas mais liberais. As pesquisas mostram isso”, concluiu, reforçando a rejeição dos brasileiros a temas como o aborto, por exemplo.