A decisão de abençoar uniões gays publicada pelo Vaticano com aval do papa Francisco está causando um enorme rebuliço na Igreja Católica. De um lado, parte do clero afirma que a medida não é aprovação à homossexualidade, e de outro, progressistas têm aproveitado a brecha para fazer propaganda do ativismo LGBT.
Em Nova York, o padre jesuíta James Martin deu a bênção católica a dois homens que vivem em união civil, e o momento foi fotografado e repercutido pela imprensa internacional como um exemplo da aplicação prática da medida autorizada pelo papa Francisco.
O arcebispo Tomash Peta, do Cazaquistão, publicou uma declaração assinada em conjunto com o bispo auxiliar Athanasius Schneider, afirmando que o clero e os fiéis católicos devem enxergar o tamanho do desvio doutrinário que a medida autorizada pelo papa Francisco representa:
“O fato de o documento não dar permissão para o ‘casamento’ de casais do mesmo sexo não deve cegar os pastores e fiéis ao grande engano e o mal que reside na própria permissão para abençoar casais em situação irregular e casais do mesmo sexo”, disse Peta.
“Tal bênção contradiz direta e seriamente a Revelação Divina e a doutrina e prática ininterrupta e bimilenária da Igreja Católica. Abençoar casais em situação irregular e casais do mesmo sexo é um grave abuso do Santíssimo Nome de Deus, uma vez que este nome é invocado sobre uma união objetivamente pecaminosa de adultério ou de atividade homossexual”, enfatizou.
Na declaração, Peta e seu bispo auxiliar acusam o Vaticano de agir de maneira irresponsável, causando “consequências destrutivas e de longo alcance” ao legitimar tais bênçãos, transformando a Igreja Católica em uma entidade “propagandista da ideologia de gênero globalista e ímpia”.
Em seguida, o arcebispo proibiu padres e fiéis de sua arquidiocese de realizar qualquer forma de bênção para casais em “situação irregular” ou homossexuais, e reiterou os requisitos necessários para que o ato seja realizado:
“É desnecessário dizer que todo pecador sinceramente arrependido, com a firme intenção de não pecar mais e de pôr fim à sua situação pecaminosa pública (como, por exemplo, a coabitação fora de um casamento canonicamente válido, a união entre pessoas do mesmo sexo) pode receber uma bênção”.
Peta e Schneider citaram Gálatas 2, em que Paulo relata ter enfrentado Pedro por se comportar de maneira inconsistente com o Evangelho, indicando que contrariar a medida que “não anda retamente de acordo com a verdade”, e pediram ao papa “que revogue a permissão de abençoar casais em situação irregular e casais do mesmo sexo, para que a Igreja Católica possa brilhar claramente como o ‘pilar’ e fundamento da verdade” ( 1 Timóteo 3:15 ).
Em outros lugares do mundo também têm havido protestos, como no caso da Conferência dos Bispos Católicos do Quênia, que divulgou uma declaração explicando que a nova orientação está “causando ansiedade e até confusão entre os cristãos e, em geral, o povo de Deus”, segundo informações do portal The Christian Post.