Um vídeo do apóstolo Agenor Duque amaldiçoando aqueles que discordam de sua abordagem teológica se tornou um viral nas redes sociais no último final de semana e despertou diversas reações.
Em nome de Deus, Duque – que é dado a gestos inusitados – bate no peito e grita dizendo que está amaldiçoando aqueles que o criticam.
“Pese o Senhor hoje a minha vida e a sua. Que Deus pese-me entre eu e você. Tem blasfemado contra o ungido de Deus. Eu não sou um cheirador de cocaína, eu não sou um alcoólatra. Eu sou um homem de Deus. Você diz que verá minha queda… Então, se eu sou um profeta de Baal, é três dias: ou Deus me abate e abate a minha casa, ou a ira do Senhor virá contra ti. Se eu sou um falso profeta, você saberá […] Diz o Senhor: você está amaldiçoado agora”, diz Duque no vídeo que é de 2014.
O apóstolo da Igreja Plenitude do Trono de Deus fez o vídeo à época em resposta às críticas que recebe por causa de suas “inovações” nos cultos. Duque, que baseia seu discurso no Velho Testamento, já ungiu dezenas de quilos de sal em um ritual, deu cigarro a fiéis que queriam abandonar o vício, dizendo que estava ministrando a “unção do esquecimento”, além de “duelar” com um pai de santo durante um exorcismo.
O pastor Renato Vargens, líder da Igreja Cristã da Aliança, publicou um artigo comentando a “surpresa” que teve ao assistir o vídeo da maldição de Duque: “Era o que faltava, crentes em Jesus absortos em ódio proferindo pragas evangélicas contra aqueles que deles discordam. Infelizmente não são poucos os líderes que ao se sentirem incomodados com os questionamentos doutrinários amaldiçoam os que lhes questionam. Em nome de Deus, tais pessoas rogam ‘pragas e desgraças’ para aqueles que em algum momento da vida se contrapuseram a seus desejos e vontades. É nesta perspectiva, que tem emergido em nossas comunidades o toma-la-dá-cá evangélico. Basta por exemplo alguém cogitar mudar de igreja que lá vem maldição”, escreveu.
Vargens destaca que essas condutas são o exato oposto do Evangelho da cruz, e afirma que tais distorções criam, nas pessoas, a crença de que discordar de um líder religioso é sentença de maldição.
“Em certas igrejas discordar do ensino do pastor significa ‘tocar no ungido do Senhor’ e quem o faz, comete rebeldia. Aliás, a palavra ‘rebeldia’ tem sido usada para todo aquele que foge dos caprichos fúteis de uma liderança enfatuada. Em tais comunidades, discordar do apóstolo ou profeta quase que implica com que o discordante tenha o seu nome seja colocado na ‘boca gospel do sapo’. Senão bastasse isso os adeptos da maldição, partem do pressuposto que o pastor em nome de Deus tem o poder de amaldiçoar outras pessoas através da oração positiva e determinante. Em outras palavras, os caras ensinam que o pastor pode rogar ao Senhor da glória o aparecimento de desgraças e frustrações na vida de seus desafetos, determinando assim a desventura alheia […] Isso não é, não foi e nunca será o evangelho de Cristo”, lamentou o pastor.
A blogueira Vera Siqueira, esposa do pastor Paulo Siqueira, publicou um artigo em que relaciona as práticas e excessos de Duque com as de seu mentor, Benny Hinn, e ao final, apresentando-se como uma das amaldiçoadas pelo apóstolo, responde à sua fala: “Agenor Duque, nós abençoamos a você e toda a sua família em nome do Senhor Jesus Cristo. Voltemos ao Evangelho puro e simples”.
Assista ao vídeo da maldição de Duque: