O filme Divertida Mente 2 vem mobilizando multidões nos cinemas por abordar emoções de maneira bem-humorada. Entretanto, no meio evangélico, a produção da Pixar vem dividindo opiniões.
Recentemente, o pastor Douglas Gonçalves, do movimento JesusCopy, gravou um vídeo com uma reflexão a partir da mensagem que o filme transmite, expondo as mentiras da ansiedade.
Agora, o pastor Alex Mello, da Primeira Igreja Batista do Parque Meia Lua, em Jacareí (SP), publicou artigo no portal Voltemos ao Evangelho reprovando a abordagem do filme: “Em Divertida Mente 2, uma nova emoção que chega e assume o controle é a Ansiedade, inclusive expulsando a antiga emoção líder, a Alegria, do Centro de Controle”, introduziu.
“Tudo isso acaba sendo uma saga para a menina construir sua identidade baseada na ansiedade ou na alegria, mas que na mensagem do filme, a ‘salvação’ vem ao construir sua identidade num equilíbrio das emoções”, acrescenta Mello.
O pastor afirma que Divertida Mente 2 lança “um falso evangelho do controle emocional baseado em emoções bem equilibradas”, que termina por “excluir Deus das situações da vida real, bem como [a] vontade dele da forma como nossas emoções reagem às situações”.
Mello diz que “o filme traz uma mensagem que se distancia do verdadeiro evangelho”, mas reconhece que a produção “acerta em cheio ao mostrar a Ansiedade como uma emoção controladora”.
Confira tópicos do artigo de Alex Mello sobre o filme:
1 – Alegria e Ansiedade como emoções dominantes
O filme acerta, também, ao mostrar o embate entre a Ansiedade e a Alegria. Esse embate não é criação de Hollywood. Muito antes, a Bíblia já nos apresenta esse embate como um dos marcadores da nossa identidade cristã.
“Alegrem-se sempre no Senhor, alegrem-se” (Fp 4.4).
“Não andem ansiosos por causa de nada” (Fp 4.6).
No filme, a Ansiedade prende a Alegria junto com as outras emoções primárias e as lança fora do Centro do Controle. Em Filipenses vemos dois mandamentos que se complementam: devemos nos alegrar no Senhor e não vivermos ansiosos. O texto bíblico mostra a alegria como um padrão do cristão, “alegrem-se sempre”, e o “sempre” é importante aqui como se a alegria nunca devesse deixar nosso “Centro de Controle” e passasse a ser uma marca da nossa identidade. Por outro lado, o texto diz que não devemos “andar ansiosos por nada”. A ideia é que a ansiedade não deve ter lugar em nosso “Centro de Controle”, não podemos andar guiados por esse sentimento e deixar ela assumir o controle geral nas famosas “crises de ansiedade”.
O padrão emocional determinado por Deus é a alegria e não a ansiedade. Nossa identidade deve ser de uma pessoa alegre e não de uma pessoa ansiosa. Mas, como isso é possível?
2 – A oração contra a ansiedade
A Bíblia nos mostra que a oração é uma poderosa arma contra a ansiedade.
“Não andeis ansioso de coisa alguma; em tudo, sejam conhecidas diante de Deus, as vossas petições, pela oração e súplica com ações de graça. E a paz de Deus, que excede todo entendimento, guardará o seu coração e mente em Cristo Jesus” (Fp 4.6-7).
A oração chama Deus para o campo de batalha das nossas emoções. A ansiedade projeta situações futuras na mente da Riley, mas na oração, entregamos nosso futuro nas mãos daquele que é soberano, lançamos a ansiedade para fora do Centro de Controle e confiamos nosso futuro ao cuidado e amor de Deus.
“Lançando sobre Deus toda sua ansiedade, porque Ele tem cuidado de você” (1Pe 5.7)
O resultado de uma entrega em oração é uma paz que só Jesus pode dar. Uma paz que excede o entendimento da mera razão, pois não está baseada em circunstâncias. Paulo diz que essa paz guarda nosso coração, emoções e sentimentos, assim como nossa mente e pensamentos, em Cristo Jesus. Quando você entrega em oração o seu Centro de Controle ao Príncipe da Paz, ele passa a reinar em seu coração, o resultado é a paz de Deus trazida pelo Deus da paz (Fp 4.9).
3 – Nossos pensamentos comandam nossas emoções
Em Divertida Mente, as emoções comandam Riley reagindo às situações que elas percebem. Mas, você parou para pensar de onde vem o pensamento das emoções? Nossas emoções não são como os personagens autônomos no filme, cada uma com sua própria personalidade. Na vida real, as emoções são reações naturais à forma como vemos e interpretamos os fatos a nossa volta, de acordo com nosso sistema de crenças (outro aspecto que aparece no filme). Assim, nossas emoções são reações aos nossos pensamentos guiados pelas nossas crenças fundamentais (o que também poderíamos chamar de cosmovisão). Aí está a verdadeira batalha:
“Porque as armas da nossa milícia não são carnais, e sim poderosas em Deus, para destruir fortalezas, anulando nós sofismas e toda altivez que se levante contra o conhecimento de Deus, e levando cativo todo pensamento à obediência de Cristo” (2Co 10.4-5).
Verdadeiras fortalezas podem se formar em nossa mente, aprisionando nossas emoções por meio de pensamentos mentirosos, mas que tem argumentos que parecem verdadeiros, chamados no texto de sofismas. Nossas mentes acreditam e são presas por esses pensamentos, mas começando com a oração, devemos pedir a Deus que mude a nossa forma de pensar, pela renovação da nossa mente (Rm 12.2), ao forçamos nosso pensamento em Deus conforme a sua Palavra. A Bíblia diz “levando todo pensamento cativo a Cristo”. Vemos como isso funciona em Filipenses 4.8, ao aplicarmos os filtros certos ao que estamos pensando.
“Finalmente, tudo o que é verdadeiro, tudo que é respeitável, tudo que é justo, tudo que é puro, tudo que é amável, se alguma virtude há e se algum louvor existe, seja isso que ocupe o vosso pensamento”.
5 – Guiados pelo Espírito Santo para a verdadeira identidade
As emoções conflitantes no Centro de Controle da Riley queriam definir sua identidade conforme suas próprias imagens, mas a Bíblia nos afirma que quando nascemos novamente em Cristo Jesus, estamos sob uma nova direção. Alguém que nos criou e conhece quem somos, que conhecesse a nossa história, assume o controle e se torna nosso Senhor e Salvador.
Esse é o verdadeiro Evangelho, que vai além do falso evangelho do equilíbrio emocional. O verdadeiro evangelho é que Jesus morreu por nós para nos livrar do julgo do pecado que se manifestava também em nossa forma de pensar e sentir. Nessa nova vida em Cristo, nossa mente é renovada segundo Deus (Ef 4.23) e o Espírito Santo passa a habitar nosso Centro de Controle nos dirigindo para a verdadeira alegria em Cristo.
“Você, porém, não está na carne, mas no Espírito, se de fato, o Espírito de Deus habita em você. E, se alguém não tem o Espírito de Cristo, esse tal não é dele” (Rm 8.9).
Quando o Espírito Santo habita naquele que nasceu de novo em Cristo, nossas emoções e nossa maneira de viver apresentam o fruto deste Espírito.
“O fruto do Espírito é: amor, ALEGRIA, PAZ, paciência, benignidade, bondade, fidelidade, mansidão e domínio próprio” (Gl 5.22-23, ênfase do autor).
O Espírito é quem define nossa identidade. Deixamos de ter nossa identidade definida pelos nossos sentimentos dominantes como ansiedade, medo ou tristeza e passamos a ter nossa identidade definida por quem Deus diz que somos, seus filhos amados.
“Pois todos que são guiados pelo Espírito de Deus são filhos de Deus… O próprio Espírito testifica com nosso espírito que somos filhos de Deus” (Rm 8.14 e 16).