Uma entidade internacional que monitora a situação de cristãos sob perseguição religiosa ao redor do mundo avalia que o cenário na China e na Índia, os dois países mais populosos do mundo, será ainda mais hostil aos fiéis a Cristo em 2021.
A pesquisa, chamada Persecution Trends, é realizada anualmente pela Release International. O relatório pontua que a aprovação recente de novas leis para controle estatal da religião, além do fechamento de várias igrejas ou da imposição de sistema de câmeras para que o governo monitore os cultos, indica que a situação dos cristãos na China será ainda mais difícil em 2021.
Outro ponto preocupante para os cristãos no país é que o Partido Comunista da China “comprou o silêncio da comunidade internacional” através das relações comerciais, aumentando a dependência dos países ocidentais dos materiais produzidos em seu território.
De acordo com informações do portal The Christian Post, a Release International adverte que “o governo do presidente Xi Jinping está aumentando sua ‘limpeza’ de qualquer coisa que não avance a agenda comunista” e demonstra acreditar que pode “conseguir isso por meio de oposição sistemática”, através da imposição de pressão constante contra as igrejas.
Um dos cenários da perseguição aos cristãos na China foi a chantagem feita pelo governo, que durante a pandemia, obrigou fiéis a renunciarem à sua fé em Jesus Cristo e substituírem quadros com representações do nazareno por imagens do presidente Xi Jinping. Os que se recusassem, perderiam benefícios sociais.
“O governo chinês está tentando tirar proveito do vírus de todas as formas, aumentando a repressão às igrejas cristãs”, disse Bob Fu, que atua na entidade ChinaAid e colabora com a Release International. “Isso acelerou campanhas específicas, como a remoção forçada de cruzes [nos templos]”.
Índia
Embora a situação na Índia seja diferente, com menos imposição estatal, os cristãos no país também sofrem perseguição severa, em sua maioria imposta por grupos hindus extremistas.
Essa situação é resultante do crescimento do ultranacionalismo hindu promovido pelo Partido Bharatiya Janata, do qual o presidente Narendra Modi é membro.
No poder desde 2014, Narendra Modi tem feito vistas grossas incidentes de violência contra cristãos registrados ao longo desses anos. Somente nos dez primeiros meses de 2020 foram registrados 225 casos, contra 218 ao longo dos doze meses de 2019.
Em setembro de 2020, extremistas hindus incitaram multidões de até três mil pessoas a atacarem cristãos em três vilas no estado de Chhattisgarh. Thomas Schirrmacher, o recém-nomeado chefe da Aliança Evangélica Mundial, que representa mais de 600 milhões de cristãos evangélicos em todo o mundo, resumiu a situação ao afirmar que o ideal de supremacia hindu é o motor de grande parte da perseguição na Índia.
“As eleições são ganhas pelo primeiro-ministro com este tópico: ‘Índia é para os hindus’, e de repente muçulmanos e cristãos se encontram em um país que claramente quer se livrar deles. Eles promovem a ideia de que um indiano por natureza é hindu. Portanto, se ele não é hindu, foi roubado e deve ser reconvertido”, explicou.
“Esta ideia não estava no mercado há 10 anos e levou a um aumento na discriminação e assassinatos de cristãos indianos e outras minorias”, disse Thomas Schirrmacher, que entende que cristãos que vivem em países do ocidente devem “falar abertamente” sobre a situação da Igreja Perseguida.