Abubakar Shekau, o terrorista muçulmano líder do Boko Haram, cometeu suicídio após ser encurralado na selva por um grupo extremista rival na Nigéria.
Considerado radical até entre outros extremistas, Abubakar Shekau liderou o Boko Haram por 12 anos, e é diretamente responsável pela morte de 400 mil pessoas e cerca de 2 milhões de desabrigados na Nigéria.
A facção rival que alega ser responsável pela morte de Shekau é o Estado Islâmico na África Ocidental (ISWAP), um braço da organização que tentou estabelecer um califado em parte dos territórios do Iraque e da Síria.
Um áudio do ISWAP, obtido pela agência de notícias France Presse (AFP), mostra que os extremistas muçulmanos comemoraram a morte do rival, considerado “destruidor da nação”. Por outro lado, o Boko Haram ainda não confirmou oficialmente a morte de seu líder, enquanto o exército nigeriano afirma que está investigando as alegações.
“Shekau preferiu ser humilhado no além do que ser humilhado na Terra. Matou-se instantaneamente, detonando um explosivo”, diz um integrante do ISWAP, que de acordo com a emissora alemã Deustch Welle, aparentemente seria o líder do grupo extremista, Abu Musab Al-Barnawi, na língua Kanuri.
O áudio, que não tem data, foi cedido à AFP pela mesma fonte que forneceu mensagens dos extremistas em outras ocasiões. A mensagem diz que os extremistas haviam ido ao covil do Boko Haram em Sambisa e lá encontraram Abubakar Shekau em sua casa.
O confronto, inevitável, se prolongou por dias após uma primeira fuga do terrorista: “Daí, ele retirou-se e fugiu, correu e vagueou pela mata durante cinco dias. No entanto, os militantes continuaram à sua procura, até que o localizaram”, descreve a voz atribuída a Al-Barnawi.
Os extremistas do ISWAP fizeram uma verdadeira caça ao rival e, quando o encontraram, ofereceram a ele a rendição, mas ele se recusou, repetindo a postura de Abu Bakr al-Baghdadi, líder do Estado Islâmico morto em outubro de 2019: “Estamos tão felizes”, diz a voz, descrevendo Shekau como “um grande causador de problemas, perseguidor e líder destruidor da nação”.
Radicais
Até 2016, os integrantes do ISWAP eram membros do Boko Haram, à época uma espécie de filial africana do Estado Islâmico. Eles passaram a contestar Abubakar Shekau por atacar indiscriminadamente muçulmanos e civis muçulmanos e pelo uso de mulheres bombas suicidas, o que resultou numa cisão.
Nos últimos anos, a morte de Shekau foi anunciada cinco vezes, mais recentemente em agosto de 2015, quando uma ofensiva das forças do Chade alegou tê-lo matado.
Porém, a alegação foi desmentida pelo próprio terrorista pouco tempo depois numa mensagem de áudio: “Vocês alegam ter nos matado, nos ferido, tudo mentira […] Sejam pacientes […] quando chegar minha hora eu morrerei. Tudo que nos acontece é decidido por Alá. Estou cumprindo o dever que Alá me deu e nada me acontecerá sem que ele o permita”, afirmou ele na ocasião.