A saga da cristã Asia Bibi, que passou nove anos na prisão após ser acusada injustamente de ofender Maomé, considerado um profeta no Islamismo, continua ganhando novos capítulos, mesmo depois de ter sido considerada inocente e ser libertada da prisão pelo Supremo Tribunal do Paquistão, no ano passado.
Em 2009, Bibi estava estava trabalhando em um campo de agricultores em sua aldeia. Em certa ocasião, o grupo de mulheres no qual estava pediu que ela buscasse água em um poço para beber.
Bibi, que é cristã, também bebeu da água que pegou, no mesmo recipiente das outras mulheres. Por serem todas muçulmanas, elas se revoltaram com a atitude da cristã, por considerá-la “impura”.
A cristã, mãe de cinco filhos, entrou em uma discussão com o grupo de muçulmanas e respondeu em dado momento: “Acredito em minha religião e em Jesus Cristo, que morreu na cruz pelos pecados da humanidade. O que seu profeta Maomé fez para salvar a humanidade?”.
Este questionamento foi suficiente para que Bibi fosse acusada de “blasfêmia”. Cinco dias depois, a polícia bateu na porta da cristã, acompanhada de uma multidão de pessoas que invadiram sua casa e lhe espancaram. Desde então a mulher ficou presa.
Julgamento e libertação
Bibi foi condenada inicialmente à pena de morte por enforcamento, mas entidades cristãs internacionais entraram em cena para defender a mulher, apelando para o Supremo Tribunal da Turquia, dizendo que ela emitiu uma opinião a partir da sua própria perspectiva religiosa.
Bibi foi inocentada e libertada da prisão física, mas a política e da intolerância não, pois sua família continuou recebendo ameaças de morte.
“Nós vivemos sempre com medo de alguma coisa acontecer conosco, há sempre um sentimento de ansiedade e insegurança. Eu deixo as crianças irem à escola, mas não deixo elas brincarem do lado de fora. Nós perdemos nossa liberdade”, disse Ashiq, esposo de Bibi.
A família que desde o ano passado vivia mudando de região constantemente, atualmente reside no Canadá, onde receberam asilo como refugiados do Paquistão e não pretendem deixar o país tão cedo. Com informações do UOL.