Um ativista e colunista de veículos de mídia publicou um artigo em que prega a perseguição às lideranças cristãs, sugere a cassação de mandatos e direitos políticos de pastores e resume sua manifestação no título: “Todo castigo pra crente é pouco”.
Anderson França, que é colunista do jornal Folha de S. Paulo e do portal Metrópoles, fala sobre o caso da deputada federal Flordelis (PSD-RJ), acusada pelo Ministério Público de mandar matar o marido, pastor Anderson do Carmo. Em seu artigo, o ativista diz que a responsabilidade pelo crime é dos evangélicos.
Identificando-se como evangélico, Anderson França reverbera o discurso presente nos grupos autointitulados “cristãos progressistas”, que amoldam a mensagem do Evangelho à ideologia de esquerda, e acusa fiéis que, por ventura tenham participado de mobilizações como a Marcha para Jesus ou votado no presidente Jair Bolsonaro, de cumplicidade com crimes.
“O que a sociedade está falando dos crentes é pouco, diante de tudo que crentes falaram e fizeram contra negros, gays, lésbicas, trans e pobres. […] Eu tenho 45 anos de igreja protestante. Uma vida, amigo. Uma vida que se submeteu a muita opressão e chinelada teológica, de autoritarismo pastoral, de preconceito dos irmãos. Já fui expulso aos gritos de igreja, já fui humilhado em público, já vi muita gente ser humilhada e adoecer nesse meio. Mas eu sempre tive em mente que Bíblia e fé estavam num lugar mais digno que a prática cotidiana da membresia”, contextualiza o ativista.
Na percepção de Anderson França, “Flordelis é culpa nossa” por supostamente representar “a igreja evangélica, em gênero, número e grau de homicídio qualificado”.
“Se você é crente e está lendo isso, saiba: sua mão está suja de sangue pela morte de Anderson do Carmo”, acusa, indicando que o gesto de ter adquirido CDs ou DVDs de Flordelis ou de sua gravadora, entre outros, seria evidência de cumplicidade no crime.
“Ou porque você votou na Flordelis. Ou porque você votou no Arolde de Oliveira, ‘por um Brasil Melhor’ – hipócrita, racista, xenófobo, sexista, assassino e pervertido. Ou porque você se senta ao lado de um irmão em Cristo que votou em Bolsonaro. Ou porque você mesmo votou no Bolsonaro. Ou porque, ao ver todos os erros que essas pessoas foram cometendo durante anos, invadindo terreiros, agredindo Povo de Santo, violentando gays, extorquindo dinheiro de pobres, praticando estelionato e charlatanismo, propagando ódio, incentivando criança de 10 anos a ter filho, boicotando empresas que as irmãs trabalham, apoiando milicianos, batizando milicianos, você, ao ver todas essas coisas, silenciou e não fez absolutamente nada”, acrescenta o texto.
As bandeiras expressas no artigo, como negação da mensagem bíblica sobre o pecado da homossexualidade, assim como a defesa do aborto ou mesmo uma liberdade religiosa parcial, que não reconhece o direito do evangélico votar conforme sua cosmovisão, mas acredita que há que se respeitar as demais religiões, são rotineiramente expressas pelo grupo dos “cristãos progressistas”, embora tente desvincular seu posicionamento deste grupo.
Anderson França exalta em seu artigo o gesto de Kleber Lucas, que doou dinheiro para reconstrução de um terreiro e celebrou “um momento de culto e louvor a todas as divindades representadas” nas diferentes religiões que participaram da ação: “Basicamente, queridos, posso estar errado, mas só o Kleber Lucas se safa hoje do fogo do inferno. Nem os evangélicos progressistas que falam muito bonito, mas ficam apenas nisso, se safam. Porque nenhum de nós se mobiliza pra processar e pedir a cadeia de Malafaia, ou Marco Feliciano, ou Macedo”.
Com linguagem chula, um trecho do artigo pode ser entendido como estímulo à violência ou perseguição religiosa, a mesma prática que o ativista acusa os evangélicos de cometerem contra diversos grupos: “Angola meteu a loka [sic], e expulsou Macedo de lá. É disso que estamos falando, Galvão. Evangelho de fé, e obras. Bambu nos safado. É pau torando no joio. Mas a gente, evangélico mais ‘esclarecido’, essa expressão racista que muitos de vocês usam, fica só na palavra bem escrita, bem elaborada, e não mobilizamos o nosso povo pra acionar a justiça em cima dos pastores”.
“Nós, evangélicos, tornamos o Brasil um lugar insuportável, doentio, assassino, corrupto, mentiroso, cruel e sem piedade. Antes o ‘Diabo’ dos terreiros dominasse o Brasil, porque o Jesus que pregamos veio pra matar, roubar e destruir”, diz Anderson França.
“Está na hora de pararmos o discurso, nos unirmos juridicamente, e lançarmos esses pastores nos tribunais, pra que entrem em cana, algemados, todos os pastores que têm tornado o Brasil um país doente e moralista, impedir pastores de se elegerem, cassar o mandato de todos os religiosos evangélicos, e construir uma proposta política de um evangelho que fica do lado do oprimido, da classe trabalhadora”, enfatiza, concluindo que “o Reino de Deus será tomado pela força”.
COMPARTILHEM: O Deputado @MiltonVieiraOfc rebate um artigo asqueroso de @_andersonfranca, no @Metropoles, que incita preconceito contra evangélicos, culpa-os coletivamente pelo caso Flordelis e sugere “caçar” (sic) o mandato de qualquer religioso evangélico, sem exceção! pic.twitter.com/yvoeSifGgj
— Carla Zambelli (@CarlaZambelli38) September 1, 2020